Friday 27 March 2009

Best of 1983

Por vezes não há mesmo tempo para deixar aqui, nem que seja um “Olá!”. Estou numa dessas fases agora. O que me socorre é que sempre há umas pequenas coisas que já tinha escritas mas ainda não tinha necessidade (ou vontade) de as pôr cá para fora. Assim, sempre dou a impressão que o blogue estrebucha de vez em quando. E para abrir, aqui vai mais uma sobre anos musicais.

A escolha deste ano é perfeitamente fortuita, mas como foi o ano em que adquiri o estatuto de cidadão completo, com direito a voto, embora tenha vindo tarde para ter exercido o direito de voto nas eleições legislativas desse ano, decidi dar continuidade a um assunto que já tem algumas sequelas espalhadas pela blogosfera:

1967 - Cá na casa
1984 - April Skies
1991 - April Skies
1995 - Classe de 70
1997 - O Puto

Os anos 90's estão claramente em vantagem, como que a querer dar razão a este estimado amigo. Se acreditarmos em numerologia, também poderemos discorrer sobre a importância dos anos ímpares.

Do ano em que me tornei maior de idade não se pode dizer que tenha sido excepcional em termos de colheita musical, embora se encontrem várias peças dignas de figurar no nosso coração, mas há um disco que sobressai claramente do panorama geral, que é o do Tom Waits. Todos os que aqui estão conheci mais ou menos na altura, com a excepção dos The Go-Betweens, nas nem todos receberam aprovação imediata. Em alguns deles até veio bastante tarde, mas o essencial é “mais vale tarde que nunca”. Assim, aqui fica a listagem cuja ordem, retirando o caso do Tom Waits que é claramente assumido e destacável, está mais ou menos à balda...

Tom Waits – "Swordfishtrombones"

Brian Eno - “Apolo- Atmospheres and Soundtracks
New Order - "Power, Corruption & Lies"
Virginia Astley - “From Gardens Where We Feel Secure
Echo & The Bunnymen - “Porcupine
U2 – "War"
Violent Femmes - "Violent Femmes"
Bauhaus - “Burning form the inside
Cocteau Twins - “Head over Heels
Weather Report - “Procession
R.E.M. - "Murmur
Talking Heads - “Speaking in Tongues
The The - "Soul Mining"
The Go-Betweens - “Before Hollywood
The Durutti Column - “Amigos em Portugal

Aos viajantes incautos é solicitado o favor de se manifestarem à vontade sobre as escolhas oferecidas e baterem no escriba por indesculpavelmente se ter esquecido de alguma pérola (o mais provável é ser desconhecida, mas é por isso mesmo que estas listas acabam por ter também a sua importância).

E agora, se me desculpam, vou dar uma volta à capital do país vizinho pelo que o tasco vai marinar por mais uma semana...

Sunday 8 March 2009

10 Anos Sem Kubrick


Ontem, dia 7 de Março, decorreram 10 anos sobre a morte de Stanley Kubrick que faleceu escassos dias após ter concluído o seu último filme, “Eyes Wide Shut”. Para os cinéfilos e admiradores em geral, é inevitável a pergunta: como seria o próximo filme de Kubrick? Atendendo ao facto de cada um dos seus últimos filmes ter saído com intervalos de tempo cada vez maiores, 4 anos entre “A Clockwork Orange” e “Barry Lyndon”, 5 anos entre este e “The Shining”, mais 7 anos para “Full Metal Jacket” e mais 12 anos para “Eyes Wide Shut”. O mais provável seria não haver ainda um novo projecto, mas a haver seria diferente, de tudo e de todos, incluindo dele próprio. É esta surpresa e capacidade de reformulação cinematográfica que torna a obra de Kubrick tão singular e, ao mesmo tempo, fascinante. E este fascínio deixa-nos órfãos perante uma miríade de cineastas, alguns dos quais igualmente grandes, mas nenhum suficientemente egocêntrico, obsessivamente meticuloso e louco megalómano à escala do que Kubrick foi, e foi tão grande que vergava os próprios estúdios (Warner) para quem trabalhava (ou talvez fossem os estúdios que trabalhassem com ele). Em qualquer dos casos, Kubrick faz-nos falta e de uma coisa apenas poderemos estar certos: não haverá mais nenhum filme seu.