A Morte Improvisada
Morreu hoje Jorge Lima Barreto, contava 61 anos. Figura incontornável da música experimental e improvisada em Portugal, ajudou a moldar uma certa franja musical portuguesa que se movia na fronteira entre o pop/rock e a música erudita. O seu prmeiro projecto, a Anar Band, é partilhado com Rui Reininho e tem um único registo discográfico em 1976/77. Mas viria a ser mais tarde, em 1982 com a edição de “Ctu Telectu” (a reedição foi aqui mencionada na altura), primeiro registo dos Telectu agora com o ex-GNR Vítor Rua, que o nome de Jorge Lima Barreto viria a ter maior proeminência, pese embora o cariz ultra-minoritário dos que acompanharam o percurso da banda. A presença nos palcos do CAM da Gulbenkian marca o local onde vi os Telectu pela primeira vez, até uma sessão ao ar livre e um simples piano para improvisar, na Expo, para não mais o reencontrar. A obra é relativamente vasta se considerarmos o público a que se dirigia, e as colaborações diversas, em especial na esfera da improvisação, tais como Carlos Zíngaro e vários músicos estrangeiros. Para além da vertente de compositor e músico, Jorge Lima Barreto também se preocupou com questões de musicologia e de música moderna com vários livros publicados, de onde se destaca, pela maior visibilidade relativa, “Musica Minimal Repetitiva” e “Rock & Droga”. Sem dúvida que a cultura portuguesa perdeu uma pedra importante, mal-grado a polémica que gerava no seio do meio artístico, e em especial em Portugal, onde este é demasiadamente pequeno.