Wilco @ Coliseu de Lisboa
No passado Domingo dia 31 de Maio os Wilco visitaram-nos pela primeira vez, apresentando-se no Coliseu de Lisboa depois de virem do Theatro Circo em Braga. Sendo uma banda que fui aprendendo a conhecer e a gostar (e muito) nos últimos 3 anos, cativando-me com discos como Yankee Hotel Foxtrot e Sky Blue Sky de 2007, os Wilco representam um rock fresco com as melhores referências num registo mais ou menos folk, mais ou menos country, que mistura de uma forma bem estruturada e extremamente inteligente ingredientes modernos, onde a experimentação sónica ocupa um lugar concreto com a dose certa. Poderia lá eu perder um concerto de uma banda deste calibre? Claro que não! Mesmo que os preços, um tanto elevados conforme se queixaram alguns, fossem potencial fonte de repulsão. O que se viu no Domingo, foi um concerto que só não esteve perfeito porque a escassa audiência (Coliseu a menos de meia-casa) tornava aquela sala demasiado grande e deixava a banda algo desamparada. Mas os Wilco não só mostraram que são uma das mais importantes bandas da década, oferecendo um repertório que se baseou em mais de 50% nos discos acima mencionados e que constituem duas pérolas indispensáveis em qualquer discoteca, como são irrepreensivelmente profissionais e músicos de uma qualidade notável. As coisas começaram algo frias e não auguravam nada famoso quando ao segundo tema atacam “I am trying to break your heart”. Por mim achei uma delícia a forma como transpuseram este tema ao vivo, e a veia mais experimental/ambiental ainda continuou com “Radio Cure” para minha grande satisfação. Neste momentos quedei-me na dúvida se a maioria dos presentes conheciam verdadeiramente os Wilco pois faltavam reacções por parte do público. A custo, só lá para a metade do concerto ao som dos primeiros acordes de “Jesus, etc”, o público responde com uma ovação (contida) de nítida aprovação. No entanto não faltaram outras pérolas como “War on war”, “Ashes of American flags”, “Heavy metal drummer”, “Impossible Germany” ou “Sky Blue Sky”. O diálogo de guitarras tomava por vezes proporções que quase fazia pensar que estaríamos num concerto dos Sonic Youth, algo que não deixou de me surpreender, pois a gentileza dos temas em disco estava aqui transposta com uma dose de electricidade e decibéis avantajada, permitindo viagens que se iniciavam calmas e acabavam em autêntica esquizofrenia. A frieza inicial foi cedendo aos poucos durante o concerto, com algumas trocas de palavras entre Jeff Tweedy e o público, regadas com o sabor típico do humor americano para estas ocasiões. Até que os Wilco deixam o palco. Claro que a malta pede o encore e a banda cede. E aqui o público responde da melhor maneira, fugindo todo lá para a frente e em vez de um tema sairam 6, e deu-se todo um novo concerto, mais enérgico, vivo e comunicativo, incluindo o tema “You Never Know” do próximo álbum. O Coliseu, de repente, ficou contido no espaço da 1ª plateia e pena foi que todo o concerto não tenha sido assim. Refira-se por fim, o prazer de ver Nels Cline a tocar guitarra, mas justiça seja feita a todos os membros da banda que mostraram um entrosamento extraordinário. Como nota negativa, o som que estava demasiado alto, numa sala imprópria para o efeito. Mas aos cultores do nosso espírito perdoa-se-lhes tudo, mesmo estas pequenas derrapagens. Um excelente concerto a demonstrar que o rock não só ainda se encontra bem vivo, como se recomenda! 4,5/5
PS: Este é o post nº 200! Em jeito de comemoração, oferece-se um bilhete para a próxima actuação dos Wilco em Portugal...
1 comment:
Para mais tarde recordar... Não fosse o cansaço que me turvava os sentidos, e estaria lá à frente logo no "Kamera" :)
Abraço
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