Saturday, 8 November 2008

Doce Tentação

O que leva um gajo como o Rui Reininho desatar agora a desenterrar uma versão de uma música das Doce dos idos anos 80, mais precisamente uma que levaram ao festival da Eurovisão? E o que é que dá numa rádio que é incapaz de passar música que não seja alternativa ou de “bom gosto” segundo o seu critério, passar uma coisa destas? Por acaso até se assistiu recentemente a uma espécie de reacção enxofrada de um colaborador da rádio aparentemente por não ter gostado de uma comparação entre intérpretes, supostamente porque uma é de “bom gosto” e a outra é de “mau gosto”. E é isto que me deixa perplexo neste mundo. Há pessoas que acham que definem o que é “bom gosto” e “mau gosto” com uma facilidade extrema e não aceitam quem pense de forma contrária. Pessoas que gostam de apregoar as suas raízes liberais, alguns laivos de intelectualidade e sentido democrático que depois aplicam uns rabiscos de lápis azul (para os mais novos, era assim que a comissão de censura da ditadura cortava os textos antes de serem publicados) em comentários e opiniões, sejam sérios ou meramente a brincar, porque obviamente são incapazes de conviver com uma diversidade de opiniões ou de sentirem que “o seu mundo idealizado da adolescência” se torna dessacralizado na perspectiva do seu interlocutor. Por mim continuo a achar a música das Doce de um mau gosto terrível, seja cantada por elas, pelo Rui Reininho, ou até mesmo pelo António Victorino D'Almeida. Há quem não concorde comigo? Também não vejo problema nisso, pois cada um é livre de se exprimir como lhe dá na real gana. E se passa na rádio e não gosto, é simples: desligo ou mudo de posto! Pode haver muita música de que não gostava quando era adolescente e que depois de ter crescido passei a ouvir com outra atenção e reflexão, mas garanto que as Doce, Abba e afins não se contam entre essas peças. São tão más agora como o eram há 20-30 anos atrás e de certeza que nunca representaram a minha adolescência.

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