A Génese dos Genesis
Hoje, dia 10 de Novembro, os Genesis lançam cá para fora a 3ª e última caixa de uma série que abrange os vários períodos da sua obra e que pretende disponibilizar toda a sua discografia de originais completamente remasterizada. Esta última caixa, e para mim a única apetecida, cobre os anos 1970-1975, tambem conhecidos como os anos Gabriel. A caixa contém 7 SACD (Super Audio CD, que é um formato de alta resolução) e 6 DVD que inclui 5 dos primeiros discos que editaram (o primeiro registo continua de parte até porque os próprios não detém os seus direitos): Trespass (1970), Nursery Cryme (1971), Foxtrot (1972), Selling England By the Pound (1973) e The Lamb Lies Down on Bradway (1974). A verdadeira alma do grupo que me marcou indelevelmente encontra-se toda aqui. A sequência de discos é um crescendo de maturidade que vai formando uma sonoridade e identidade muito própria de uma banda que afirmava não pretender tocar no “Top of the Pops”, o programa da BBC onde as modas musicais se passeavam. Andavam por um género musical entretanto amaldiçoado e hoje algo ignorado, embora tenham contribuido para que a música popular não servisse exclusivamente como veículo dançável pouco dado a pensamentos mais profundos. Quando se fala em algum renascimento do “progressivo”, pontuado por exemplos óbvios como “OK Computer” dos Radiohead, ou menos óbvios como algumas propostas musicais que alguém convencionou chamar de pós-rock, não se deverá esquecer que as raízes estão também aqui, apesar da negação constante da mesma. As propostas musicais não evoluem de forma independente e estanque, e o progressivo foi uma consequência natural do psicadelismo, assim como muitas das novas formas são uma consequência natural do edifício musical que entretanto se foi construindo ao longo de décadas.
Daqui para a frente os Genesis perderam toda a sua consistência e orientação até acabarem numa vulgar banda pop. No entanto, preservaram sempre uma qualidade: qualquer um dos seus elementos é um músico de excepção, e se dúvidas há, oiçam-se precisamente estes registos iniciais. Para finalizar, lembro que o formato SACD disponibilizado é híbrido, ou seja, é compatível com os leitores de CD normais, mas para ouvir em alta resolução é mesmo necessário um leitor SACD (e um bom sistema, também!).
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