Ensaio Sobre a Cegueira
D. José Policarpo lançou uma atoarda para a praça pública cujas consequências eram de esperar. Não quero estar aqui com maniqueismos fáceis ao apontar os séculos de intolerância religiosa da igreja cotólica, para já não falar das atávicas afirmações do Vaticano sobre homossexualidade ou o uso do preservativo.
Há dois erros crassos nas afirmações do Cardeal Patriarca de Lisboa. O primeiro é que não é suposto dar conselhos sobre o que cada um, neste caso cada mulher, faz da sua vida privada caso entenda, ou não, casar com um muçulmano. O segundo é que, enquanto representante maior de uma comunidade religiosa, a católica, não pode simplesmente tecer afirmações sobre outras comunidades religiosas da forma ligeira que o fez. Mesmo que pela cabeça da maioria de nós passe a mesma vontade de desabafar para com o fundamentalismo muçulmano, a sua posição hierárquica não é coadunável a desabafos deste calibre até porque os efeitos colaterais são sempre elevados: ao querermos atingir os profetas da verdadeira intolerância, acabamos por abater um sem número de inocentes que se revê no islamismo mas que convive perfeita e pacificamente com o próximo e não partilha das mesmas ideologias suicidas. No fundo, é tal como a dimensão dos ataques dos israelitas contra o Hamas, por muita razão e até alguma legitimidade que tivessem por terem sido as primeiras vítimas dos rockets da intolerância.
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