Friday, 17 April 2009

Um Eastwood em Grande Forma


Gran Torino de Clint Eastwood é o filme em alta que corre por aí, com rasgados elogios em toda a imprensa e demais meios que falem destes assuntos. Habituei-me sempre a ver Eastwood como o anti-heroi Dirty Harry ou o cowboy solitário e sem nome de O Bom, o Mau e o Vilão de Sergio Leone. No tempo em que ainda andava pelo cinema com muito mais frequência que agora, nunca dei grande conta do Eastwood realizador. Essa percepção mudou com Bird, sobre a vida de Charlie Parker, e manteve-se firme até hoje. Filmes como As Pontes de Madison County e Mystic River são apenas dois exemplos que perduraram na memória depois disso.

Gran Torino é um filme de uma espessura e densidade incomum, daqueles que nos enchem as medidas e os sentimentos (para o bem e para o mal) e nos remoem a cabeça ao retardador. Não sendo um exemplo primoroso de interpretação (não contando com o próprio Eastwood), a sua força está no homem que capta das suas personagens aquilo que quer e Eastwood soube-o fazer com mestria, produzindo um objecto cinematográfico sólido e consistente. Gran Torino revela-nos, acima de tudo, uma grande parábola sobre uma certa América, uma América feita de emigrantes (o protagonista, Kowalski, é de origem polaca) maioritariamente de matriz europeia, que lutou em guerras e que se vê a braços com um mundo em transfiguração. Esta é a América tradicional, profundamente dura, patriota, racista e religiosa (à sua maneira). Esta América está a desaparecer e a transformar-se numa burguesia sem ideais e convicções nem amor pelo próprio país, incapaz sequer de compreender a linha geracional que a procede. Ao mesmo tempo nasce uma outra América, marginal, excluída, culturalmente deslocada e necessariamente sobrevivente e muito agarrada às suas próprias tradições. No fim, não será por acaso que o grande legado da América tradicional, o famoso Ford Gran Torino, vá parar às mãos do jovem Hmong, simbolizando o passar de um testemunho. Será pois o desejo de renascimento de uma nova América que, tal como a anterior, continuará a ser feita de emigrantes, embora de matriz cultural completamente diferente.

2 comments:

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