Friday 29 August 2008

Voltar à Rotina...

Ora aqui estamos nós para mais uma rentré sazonal. Espero que as férias tenham sido do agrado de todos e que venham refrescados para mais uma longa viagem de 11 meses até à próxima paragem. O País, esse, continua fiel a si próprio embora menos preocupado com banalidades e mais com assuntos sérios. A televisão mostrou-nos que é, de facto, um meio que distorce a percepção da realidade no país e no Mundo, pois ao contrário do ano passado tivémos a sensação de viver num país menos fustigados pelos fogos. Mas para contrariar essa aparente realidade, os dados demonstram que a área ardida aumentou quer em Julho, quer em Agosto, em relação ao ano passado. Para compensar tivémos o muito mediático sequestro que terminou da forma que todos sabemos, para além de uma onda de assaltos e violência pouco comuns nestas paragens. Lá por fora assistimos a mais uma manobra geo-estratégica por parte dos eternos senhores do mundo, americanos e russos, com os europeus meio aparvalhados sem saberem ao certo o que fazer. Uns enfiam-se na Georgia enquanto os outros estacionam mísseis na Polónia. Caíu mais um avião e a seguir não faltaram notícias de precalços e problemas técnicos em vários locais como que a tentar demonstrar que viajar em “low-costs” e em época alta talvez não faça assim tão bem à saúde. E isto apenas para reforçar que o que não passa na televisão não existe, e que não será assim tão difícil manipular a opinião pública neste mundo cada vez mais interconectado.

À falta de uma boa silly-season tivemos a brilhante trapalhada da comitiva portuguesa nos Jogos Olímpicos, com o presidente do COP à cabeça embora ache espantoso que o senhor tenha uma. E para quem ainda matuta no que escrevi atrás, temos aqui mais um exemplo de um magote de atletas que praticam desporto (espera aí? Então há mais desporto para além do futebol?) e que são olimpicamente ignorados durante ciclos completos de 4 anos para, de repente, terem uma cambada de especialistas e patriotas de bandeira lusa à janela a urrar por uma medalha durante 15 dias. E assim esta gente, que exulta com a medalha do Nelson Évora e da Vanessa Fernandes, crucifica com a mesma facilidade um dia menos bom de alguém que até tem títulos mundiais e europeus na respectiva modalidade como se isso pura e simplesmente não existisse. E não existe mesmo, pois ninguém se lembra de que alguma vez os tenham conquistado, a não ser quando pouco antes dos Jogos Olímpicos, as televisões disseram que, afinal, até era verdade.

Agora que o futebol vai recomeçar e o governo e a oposição vêm de férias, tudo pode voltar a ser como dantes, sem assaltos, sem fogos, sem problemas técnicos em aviões e... sem desporto!