Thursday 31 May 2007

Voltar ao Trabalho


Agora, mãos à obra, e que melhor imagem senão esta fotografia de uma carruagem das linhas ferroviárias de Manchester, onde possivelmente parte dos passageiros se desloca para o seu local de trabalho. O exterior da carruagem encontra-se decorado com o traço de Jamie Hewlett, desenhador e designer que “concebeu” os elementos da banda Gorillaz. Depois de Tank Girl e da música, Hewlett chega aos transportes públicos.

Foto: Alessia Pierdomenico/Reuters obtida no site do Público.pt.

Wednesday 30 May 2007

Greve Geral


Foto de Brigitte Boitel Bonfils – Lisboa.

A Gerência continua a aceitar reclamações. Retomamos os trabalhos amanhã.

Tuesday 29 May 2007

Nota Informativa

Em resposta ao vil acontecimento do dia de ontem e expresso no post anterior, a gerência do restaurante emite o seguinte comunicado:

Comunicado:

O autor deste blog informa os seus leitores, que serão em número suficiente para encher uma cabine telefónica, que foi alvo de um processo disciplinar por comportamento indecoroso devido a afirmações jocosas escritas neste blog contra diversas figuras públicas nacionais. O caso encontra-se em fase de instrução judicial, e o autor está indiciado como arguido no processo. Os leitores são igualmente informados que o autor se irá dedicar nos próximos meses a escolher uma autarquia jeitosa para concorrer às próximas eleições.

O autor também deseja manifestar publicamente o seu apreço pelas calorosas mensagens de apoio que recebeu de vários pombos de Lisboa em que estes manifestaram, de forma solidária, o seu protesto contra a perseguição de que são alvo injustamente, pois precisariam de milhares de gerações para gerarem a merda que os sucessivos executivos camarários fizeram em poucos anos.

Lisboa, 29 de Maio de 2007

Monday 28 May 2007

Nota Intimidativa

Em face da actual conjuntura nacional e numa tentativa de refrear algumas manifestações particulares de humor, a gerência do restaurante recebeu a nota que a seguir se transcreve.

Lisboa, 28 de Maio de 2007

Exmo. Sr.

A Autoridade das Boas Maneiras da Região de Lisboa vem por este meio intimar o autor deste blog a apresentar-se nas suas instalações para ser devidamente instruído pelo Director deste organismo, que zela pelo bom nome das figuras públicas da Nação, a nunca mais proferir uma piada ou um comentário irónico, por muito subliminar que seja sobre essas mesmas figuras públicas sob pena de o estabelecimento que V. Exa. dirige ser compulsivamente fechado e selado por falta de cumprimento das regras de higiene mental pela ASAE.

Com os melhores cumprimentos,

Assinatura ilegível

Director da Autoridade das Boas Maneiras da Região de Lisboa

Corrida em Lisboa

O número de candidatos que se perfilam na corrida à Câmara Municipal de Lisboa parece crescer a bom ritmo e são já, nada mais nada menos que, 12 em exercícios de aquecimento. Seria surpreendente não fosse alguém ter afirmado (já não sei quem) que o lugar de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa era o mais importante depois do da Presidência da República e do de Primeiro-Ministro, abalando a minha crença que entre estes ainda se encontrava o da Presidência da Assembleia da República e que o presidente do Grémio Desportivo de Alguidares de Baixo era a quarta figura do Estado. Entretanto, um grupo de cidadãos de Santa Comba Dão, animados que estão com a vitória num concurso de um seu conterrâneo já em estado avançado de decomposição (mesmo antes de ter batido a bota), pensam vir a recolher o número de assinaturas necessárias para a candidatura deste personagem à Câmara de Lisboa. A acontecer será o esboroar das chances, não só do candidato do PNR, mas de todos os outros. Poderemos estar assim a um passo de conseguir inscrever esta eleição no livro dos acontecimentos imbecis e improváveis, que dá pelo nome de Guiness. Desde logo são as eleições mais versáteis algumas vez realizadas, pois encontram-se candidatos partidários, independentes, aves-raras e arguidos. Atendendo ao buraco financeiro da Câmara, não deixa de ser comovente esta manifestção espontânea de entrega à causa pública por personalidades tão sublimes. O povo, esse, vai-se questionando se será atingido um número de candidatos à Câmara equivalente ao dos participantes na corrida sobre a Ponte 25 de Abril. Sempre estamos a discutir o 3º cargo mais importante da Nação (é favor de corrigir a Constituição!). E depois daquela assombrosa manifestação popular na inauguração do Túnel do Marquês, que mais se esperará, no fim desta corrida, que um convívio com uma feijoada?... na ponte, claro! E para o Guiness também, que é nisto que somos verdadeiramente bons.

Friday 25 May 2007

Aeroporto Terminal

Que melhor caracterização poderiam dar os políticos deste país às paisagens do seu imaginário, enfiados na macrocefalia lisboeta? Olham diligentemente à sua volta e o que vêm? Um pântano a Norte e um deserto a Sul! Nada mais correcto: um pântano de confusões e decisões (ou não decisões) e um deserto de ideias e projectos. Neste país, não há condições para fazer um aeroporto em lugar nenhum. Só se for para saír daqui...

Tuesday 22 May 2007

Hugo Pratt



O nome de Hugo Pratt diz certamente menos à maioria das pessoas que o da sua criação artística maior: Corto Maltese. Mas este texto pretende, acima de tudo, falar mais do homem e menos da obra, a pretexto de um livro que já saíu em finais de 2005 sob o título “O Desejo de Ser Inútil” e que li com um prazer imenso nas férias de 2006. É uma autobiografia, em estilo de entrevista, conduzida por Dominique Petitfaux que passa em revista a vida e a obra de Hugo Pratt. Nele encontramos o homem fascinado pelas viagens, os livros de aventuras, o esoterismo, a Veneza da sua infância, a Cabala e o judaísmo e, claro, as suas belas mulheres. Aqui se alicerça muito da sua obra gráfica, em especial nos livros de Corto Maltese, cujo espírito livre e aventureiro não poderia ser melhor alter-ego para a personalidade de Pratt. O próprio Pratt foi um viajante compulsivo, peregrino de mitos e lugares espalhados pelo Mundo fora, construindo assim parte da matéria prima com que alimentava os livros de aventuras que desenhava e publicava. As suas visões de adolescente na Itália fascista não deixam de ser curiosas, e até surpreendentes atendendo ao sentimento solidário entre todos os seus amigos venezianos (e restantes habitantes de Veneza, supõe-se). Por isso, era comum haver uma amizade cúmplice entre pessoas entricheiradas em lados diferentes da barricada. A passagem pela Eritreia é bastante marcante já que é aí que o seu pai, militar italiano deslocado durante a guerra, acaba por morrer. É igualmente visível o sentimento orgulhoso de uma ascendência que provém dos lugares mais diversos (Irlanda, França e Itália, com uma costela judaica). Aliás, Hugo Pratt fez jus a essa tradição deixando filhos pelo Mundo como na Argentina ou Brasil (um deles numa tribo índia da Amazónia). No fim, nota-se a autoridade de um homem que viveu mais que muitos de nós algumas vez conseguiremos viver.


A segunda parte do livro debruça-se sobre a obra nas diferentes vertentes. Um espelho da sua vida e dos seus próprios interesses, fascinado pela beleza feminina, é um belíssimo retrato que nos permite compreender também a pessoa que está para além da sua obra. De autor anónimo até ao reconhecimento internacional a grande escala, o percurso foi lento mas seguro, mantendo Pratt a sua independência para com os meios culturais e intelectuais onde se movia. No final, uma adenda à que foi a segunda edição deste livro, dando conta dos últimos dias de Hugo Pratt até à data de 20 de Agosto de 1995, quando faleceu. As ilustrações que acompanham o livro são um precioso complemento à leitura e muitas vezes uma extensão necessária para acompanhar o texto escrito. Finalmente, ainda somos presenteados com um conjunto de aguarelas inéditas. Um livro a não perder, quanto mais não seja por nos mostrar como a inutilidade de certas coisas se torna tão útil nas nossas vidas.

Hugo Pratt - O Desejo de Ser Inútil
Dominique Petitfaux
Relógio D’Água, 2005

Friday 18 May 2007

“Where is everybody?”

Era esta a interrogação que o físico italiano Enrico Fermi (Prémio Nobel da Física em 1938 e um dos pais da bomba atómica) colocava aos entusiastas da existência de vida inteligente aos magotes pelo Universo. A pertinência da observação de Fermi era tão grande que acabou por ficar conhecida como o “Paradoxo de Fermi”. A existência de vida extraterrestre tem desde há bastante tempo ocupado a imaginação de muita gente, se pensarmos em H. G. Wells e o seu livro “A Guerra dos Mundos”, ou a imaginação fértil de Percival Lowell que atribuía aos marcianos a construção dos famosos canais que observava na sua superfície. Há medida que o sistema solar foi sendo conhecido, as hipóteses de existência de vida noutros locais que não somente no Planeta Terra foram perdendo fulgor, mas não a esperança. Hoje acha-se muito provável que a vida possa ter-se desenvolvido, de forma rudimentar tal como o foi na Terra, noutros planetas do sistema solar atendendo ao conhecimento que existe actualmente sobre formas de vida em condições extremas. Se essa vida sobreviveu até aos dias de hoje mantém-se como uma interrogação à qual ainda se procura uma resposta. No entanto, na imensidão do Universo, as palavras de Carl Sagan sobre a hipótese de estarmos sózinhos são arrebatadoras: “é um imenso desperdício de espaço”.

Na realidade, quando pensamos no Universo, as hipóteses parecem multiplicar-se por milhões (literalmente). Nesse sentido, em 1961, Frank Drake escreveu uma equação que se espressa da seguinte forma:

N = R* × fp × ne × fl × fi × fc × L

onde cada variável representa o seguinte:

N representa o número de civilizações na nossa galáxia com as quais poderíamos contactar;
R* é a taxa de formação de estrelas na nossa galáxia;
fp é a fracção destas estrelas que têm planetas;
ne é o número médio de planetas que podem suportar vida por unidade de estrelas que possuem planetas;
fl é a fracção do valor anterior de planetas onde na realidade se desenvolveu vida em algum momento;
fi é a fracção destes planetas onde acabou por se desenvolver vida inteligente;
fc é a fracção destes planetas onde a vida inteligente que se desenvolveu está disposta a comunicar exteriormente;
L é a esperança de vida dessa civilização para um período em que pode comunicar através do espaço interstelar.

A equação de Drake, como é conhecida, incendiou um entusiasmo que, com altos e baixos, ainda persiste nos nossos dias através do projecto SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence) actualmente um instituto de fundos privados que se dedica em exclusividade a “escutar” os céus por algum sinal que indicie a presença de almas gémeas algures na nossa galáxia. O projecto em si tem sido algo contestado e acusado de inútil, mas o sentido romântico que esta demanda tem não deixa de ser igualmente importante pois, o que aconteceria se viessem a detectar alguma coisa? Sem dúvida representaria a descoberta mais sensacional de toda a história da humanidade, e há quem dedique uma vida por este sonho. E sem querer emitir juízos de valor sobre a pertinência de tal empresa, onde estaríamos hoje se nos séculos passados não tivessem existido pessoas com o sonho de um dia, por exemplo, poderem voar? Terá seguramente parecido a muitos que as ideias e os esboços de Leonardo da Vinci eram meras fantasias irrealizáveis. Que dizer nos dias de hoje?

Para termos uma percepção desta realidade, lembremos que detectar emissões electromagnéticas vindas do espaço exterior implica que o que hoje observamos nos céus foi emitido há muito tempo da fonte. A luz anda muito depressa, mas a sua velocidade é finita: 300.000 km por segundo. A luz do Sol demora cerca de 8 minutos a chegar à Terra. Nós somos emissores activos em grande quantidade de ondas electromagnéticas desde cerca dos anos 40/50, com a vulgarização da televisão e telecomunicações. Significa que a Terra estará envolta por um halo esférico de radiação com cerca de 60 anos-luz de raio (1 ano-luz são cerca de 9,5 biliões de km). Se pensarmos numa civilização extraterrestre que empreende a mesma busca, das duas uma: ou se encontra dentro dos limites deste halo e poderá detectar esta fonte, ou então nada feito. Depois há a considerar a intensidade, e para uma dada fonte a intesidade de radiação que recebemos dela decresce com o quadrado da sua distância, ou seja, se estiver ao dobro da distância a que outra fonte equivalente se encontra (e que se considera unitária), a intensidade de radiação recebida é 4 vezes menor; se estiver 4 vezes mais distante é 16 vezes menos intensa. Mas mesmo para emissões tão fracas o seguinte exemplo é ilustrativo: se mandarmos alguém para a superfície da Lua com um telemóvel, o nosso satélite passa a ser a terceira fonte de rádio mais intensa do espaço que nós detectamos aqui na Terra.

Tuesday 15 May 2007

A Parcialidade da Natureza Humana

Pode parecer que os nomes que se dão às coisas sejam apenas meras questões de formalismo linguístico, mas não é verdade. Em matéria de ciência, a linguagem deve procurar atingir sempre dois princípios básicos: simplicidade e rigor. E é disto que se trata e mais nada! Serve esta pequena introdução a um texto publicado pelo Professor Galopim de Carvalho, no jornal Público de 5 de Maio passado, sobre a mudança do nome do ICN (Instituto de Conservação da Natureza). Claro que os nomes são apenas a face visível de algo mais profundo a que se deveria dar mais importância, e que é o cerne da questão levantada por este texto. E porque já estamos em plena actividade do Ano Internacional do Planeta Terra (2007-2009), embora o mesmo seja apenas decretado pelas Nações Unidas em 2008, o texto que transcrevo do Professor Galopim de Carvalho servirá para dar o mote e alertar para uma parte da Natureza que, tão injustamente (para ser brando nas palavras), alguém quer ver esquecida. E também pela sua clarividência.


Natureza: biodiversidade e geodiversidade

O Presidente da República encorajou, no seu discurso do 25 de Abril, os jovens a não se resignarem. Já não sou jovem, mas escrevo porque não me resigno com a mudança de nome do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) para Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 136/07. Biodiversidade é uma forma de dizer, numa só palavra, diversidade biológica, ou seja, o conjunto dos seres vivos. É, para muitos, a parte mais visível da natureza, mas não é, seguramente, a mais importante. Outra parte, com idêntica importância, é a geodiversidade, sendo esta entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das suas expressões no subsolo e nas paisagens. No meu tempo de escola ainda se aprendia que a natureza abarcava três reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros, e a geodiversidade o terceiro. Estando assente, e bem, que biodiversidade é parte integrante da natureza, a designação agora decretada para este importante organismo do Estado é, no mínimo, desnecessária e redundante. Esta redundância vem de trás. Ficou consagrada em 2001 na Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade, na sequência da Convenção sobre a Diversidade Biológica (Conferência do Rio, 1992). O nome vem daí, mas custa-me a crer que, num organismo onde trabalham mais de quarenta biólogos e uma quinzena de arquitectos paisagistas, ninguém tenha chamado a atenção do legislador para esta aparente ingenuidade que, cientificamente, raia o ridículo - a menos que alguém me explique aquilo que me parece inexplicável. Está fora de causa qualquer juízo crítico à reestruturação deste instituto, mas ela poderia ter sido feita sem mudar o nome original, que era sintético, coerente, expressivo e, por isso, mais correcto. Retirar a biodiversidade da natureza é o mesmo que retirar o sobreiro do conjunto das árvores, o bacalhau do dos peixes, o papagaio do das aves, os morcegos do dos mamíferos, os jornais do da comunicação social e por aí adiante, num nunca mais acabar de exemplos disparatados. Ao enfatizar a componente biológica, a nova designação do ex-ICN torna mais evidente a subestima que, lamentavelmente, a nossa administração tem manifestado pelos valores da geologia. Como se a paisagem e a civilização não dependessem do substrato geológico. Os governantes deveriam estar mais elucidados sobre o papel da geodiversidade na civilização moderna, na prospecção e exploração das matérias-primas metálicas e não metálicas, dos combustíveis fósseis e nucleares, das águas subterrâneas, para não falar no conhecimento dos riscos sísmico e vulcânico ou no dos terrenos sobre os quais se edificam barragens, pontes e outras grandes obras de engenharia. É que, apesar de na quinta das 10 opções estratégicas aprovadas em 2001 se propor "desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e palentológico", nem o decreto-lei que lhe deu seguimento, nem a Portaria n.º 530/07, que lhe fixa os estatutos, têm um artigo, uma alínea, uma palavra referente à componente geológica da natureza. Mas tem meia centena de referências à biodiversidade. Esta pouquíssima importância dada à geodiversidade por este instituto fica, aliás, bem demonstrada pelo número de geólogos que ali trabalham, menos do que os dedos de uma mão entre 180 técnicos superiores. Que país é este que tem na geodiversidade (mármores, granitos, cobre, zinco, volfrâmio, estanho) a maior fonte de riqueza e a subestima na instituição que seria suposto zelar por ela? É o mesmo país que extinguiu, em 2003, o Instituto Geológico e Mineiro. Valha-nos Santa Bárbara!

A. M. Galopim de Carvalho

Geólogo

Público (5/Maio/2007)

Friday 11 May 2007

Coisas do Arco da Velha (#2)




Recordo os Soft Machine através de um disco, na realidade o último em estúdio editado pelo grupo: “Softs” (1976), um vinilo de capa sóbria com uma locomotiva a vapor. Deu-me um certo trabalho a encontrar uma imagem da capa original do disco que conheci (que é do meu irmão), até que me deparei com estas imagens com a informação de que se trata de uma capa alternativa da edição em Portugal de “Softs” pelo Círculo de Leitores (observe-se o CL na contracapa). Os Soft Machine formaram-se em 1966 e contavam com Robert Wyatt, Elton Dean, Mike Ratledge e Hugh Hopper na sua formação tradicional. É com esta formação que, em 1970 editam “Third”, o seu disco de referência. Cinco dos discos dos Soft Machine têm sido reeditados este ano, incluindo “Third” sendo por isso uma oportunidade para conhecer esta banda dos anos 60 e 70 fundamental para a história da música. Começaram na onda psicadélica mas rapidamente foram caír nas malhas do rock progressivo e de fusão jazz. Esta formação dos Soft Machine não sobreviveu ao tempo, com Wyatt a abandonar o grupo em 1971, o mesmo acontecendo a Dean e a Hopper. Quando chegamos a “Softs”, a banda era constituida por, além de Mike Ratledge, John Marshall, Karl Jenkins e Roy Babbington. Jenkins, o teclista da banda, foi também o responsável por grande parte das composições em “Softs”. De salientar também, dentro do jazz de fusão e na mesma altura, os Weather Report de Joe Zawinul e Waine Shorter, que contavam com o excelente baixista Jaco Pastorius. Heavy Weather é mais um disco obrigatório.


Uma breve pesquisa no You Tube permitiu-me recolher esta actuação dos Soft Machine a tocar o tema “The Tale Of Taliesin” do já mencionado “Softs”, o disco com que os descobri. O guitarrista é o John Etheridge.

Thursday 10 May 2007

Uma Nova Supernova?


Figura: Ilustração artística da supernova SN 2006gy; fonte: NASA/CXC/M. Weiss

Já desde os finais do ano de 2006 que os astrónomos tinham a sua “fotografia”, mas só agora foram tornados públicos os resultados. A uns confortáveis 240 milhões de anos-luz da Terra, assistiu-se à mais brilhante explosão de uma estrela supernova registada até agora. A estrela, baptizada SN 2006gy, aparenta ter 150 vezes a massa do nosso Sol e foi registada por telescópios ópticos no solo e pelo Observatório de Raios-X Chandra da NASA em órbita. Nathan Smith da Universidade da Califórnia em Berkeley e líder do grupo da sua Universidade e da Universidade do Texas em Austin que estudou o fenómeno, afirma no site da Nature que o poder explosivo desta supernova foi tão grande que requer a definição de um novo tipo de mecanismo previsto teoricamente mas nunca observado. De parte parecem estar eliminadas as hipóteses de se tratar de uma estrela anã branca. O fenómeno da explosão de supernova ocorre em estrelas cuja massa do seu núcleo central seja 1,4 vezes a massa do Sol, potenciando uma situação em que o balanço entre a energia radiativa da estrela no fim do seu ciclo de vida, que exerce uma pressão que impede o colapso, e a força da gravidade devida à sua massa deixa de estar em equilíbrio. Quando isso acontece de uma forma catastrófica, a estrela colapsa sob si mesma e o ressalto subsequente origina uma extraordinária explosão.

Uma observação interessante é que antes de SN 2006gy ter explodido expeliu uma grande quantidade de massa. Erupções similares têm sido observadas em Eta Carinae uma estrela maciça a apenas 7.500 anos-luz de nós. Somando dois mais dois, sugere-se que Eta Carinae possa sofrer o mesmo destino, amanhã, ou daqui a 1000 anos (ninguém sabe). O que se sabe (ou que se prevê) é que a acontecer poderá ser possível, com a sua luz, ler um livro a meio da noite.

Tuesday 8 May 2007

O Encontro!

Acedendo à sugestão de divulgar uma foto da namorada de Paul Wolfowitz, a imprensa internacional tem, nos seus arquivos, este instantâneo do momento em que Wolfowitz vislumbrou a sua Shaha...


Monday 7 May 2007

Personalidade do Mês (Abril)

Os resultados das eleições na Madeira este Domingo garantem a esta rubrica a permanência regular de Alberto João Jardim (bam haja, povo madeirense!). Esta personagem foi assim re-confirmada como Presidente da Região Autónoma da Madeira, apesar de se ter vitimizado com a falta de condições para governar. Vamos então à escolha do Comité do Restaurante para o mês de Abril (não confundir com as escolhas foleiras do Marcelo):

Paul Wolfowitz (Presidente do Banco Mundial) que deu instruções directas ao responsável máximo dos recursos humanos da instituição a que preside para oferecer à sua namorada, a funcionária Shaha Riza, uma promoção acompanhada de um substancial aumento salarial, segundo rezam algumas crónicas, superior ao de Condoleezza Rice.

Comentário do Comité do Restaurante:

Estamos em crer que a maioria das pessoas não alcança a dimensão desta acção. Relembramos que este senhor se sujeita a esforços hercúleos de poupança pessoal para assegurar o aumento salarial da sua namorada, dando assim uma prova de amor sem precedentes. Quantos de vós seriam capazes de passar um pente pelas beiças e besuntá-lo de saliva para substituir o gel do cabelo? E andar em visitas oficiais a mesquitas muçulmanas com buracos nas meias? Isto tudo aos olhos da comunicação social, que é o mesmo que dizer, do Mundo. Não acham romântico?

Menção Honrosa:

O veto da Juventude Comunista Portuguesa à proposta, originalmente feita pelo representante da Juventude Socialista, de intervenção de Ricardo Araújo Pereira, um dos Gato Fedorento, nas celebrações do 25 de Abril.

Comentário: Que maneira mais simbólica haveria para comemorar o dia da liberdade senão com um veto? Não é que a equipa cá da casa se inquiete com o acto, afinal Ricardo Araújo Pereira sempre é do Benfica (está tudo dito).

Friday 4 May 2007

Autarquite


Membros do departamento do DIAP (Doenças Infecciosas das Autarquias Portuguesas) andam há já vários anos atrás do agente causador de uma doença, que designaram como Autarquite, e que tem acometido diversos autarcas portugueses nos anos recentes, o último dos quais da autarquia de Lisboa. Esta doença manifesta-se através de condutas duvidosas com um sentido muito forte de apego ao poder. Crê-se que apesar de estarem conhecidos e registados apenas alguns casos, um verdadeiro rastreio nacional evidenciaria uma autêntica epidemia a qual, comparativamente, faria dos agentes causadores da Peste Negra, da febre hemorrágica do Ébola, de Marburg e afins meros achaques de indisposição. Os seviços do departamento do DIAP aconselham a população a tomar medidas preventivas, nomeadamente não aceitarem panfletos de desconhecidos na rua, assegurarem-se de que os electrodomésticos que ganharam numa promoção foram entregues por um agente autorizado e não por um autarca, pedirem sempre o recibo das quotas mensais pagas ao clube de futebol da terra, certificarem-se que o apartamento que compraram com o esforço do seu trabalho não está, afinal, na futura zona de implantação de um gimnodesportivo, estádio ultramoderno, aeroporto ou linha de TGV, e prevenirem as autoridades sobre pessoas que manifestem apoios incondicionais à regionalização. Mas acima de tudo, o DIAP e o país em geral agradece que, pelo menos, não voltem a votar neles.

Thursday 3 May 2007

Ground Control to Major Tom


Agora mais novidades do nosso sistema solar… A sonda New Horizons, da NASA, está incumbida da missão de atravessar o sistema solar para lá de Plutão (o tal que perdeu o direito de se arrogar planeta) e bem dentro da Cintura de Kuiper, uma banda entre cerca de 30 UA (Unidades Astronómicas), onde se encontra Neptuno, e 50 UA (1 UA corresponde a aproximadamente 150 milhões de km). Conjectura-se que esta Cintura contém diversos corpos celestes, de entre os quais os cometas de período curto. A sonda encontra-se nas imediações de Júpiter e tirou esta espantosa fotografia de Io, um dos seus satélites, onde se observa uma pluma na parte superior da mesma, a qual resulta de uma erupção vulcânica. Io é o corpo vulcanicamente mais activo do sistema solar, sobretudo devido aos fortes efeitos de maré provocados pelo gigante Júpiter. A observação de erupções vulcânicas no sistema solar não é novidade, mas até há pouco tempo pensava-se que somente a Terra continuava a ser um planeta interiormente activo com manifestações externas. Saliente-se que o conceito de “vulcânico” não significa necessariamente o que vulgarmente conhecemos no nosso Planeta, pois na lua Europa o fenómeno resulta da erupção de água que acaba por congelar em contacto com a superfície (criovulcanismo). A clareza da imagem de Io é bem reveladora do fenómeno. Mais, mostram-se igualmente as diferenças observadas nessa mesma superfície desde o ano de 1999, quando foi fotografada pela sonda Galileu, e agora em 2007 pela New Horizons (sem esquecer também uma foto da família...). Todas as fotografias: (C) NASA.

Wednesday 2 May 2007

Major Tom to Ground Control


Os astrónomos do Observatório Europeu do Sul (ESO – European Southern Observatory) descobriram um planeta extra-solar, o Gliese 581 c, que dos descobertos até hoje é o que aparenta mais semelhanças com a nossa Terra. Ainda assim, tem 5 vezes a massa do nosso planeta, mas acalenta as esperanças que possa conter água na sua superfície em face da sua posição relativamente à estrela que orbita, uma anã-vermelha. É óbvio o entusiasmo por tal descoberta, fundamentalmente pelo que implica em termos de possibilidades para a existência de vida fora do nosso sistema solar. Até agora, todos os planetas descobertos têm pouca aparência com a Terra e até com as características do nosso sistema solar. A maioria são gigantes (do tipo Júpiter) e orbitam a distâncias inferiores à nossa distância do Sol das respectivas estrelas. Este facto decorre da dificuldade da sua observação: os planetas não emitem luz, pelo que são detectáveis por formas indirectas como sejam a diminuição periódica da luminosidade da estrela por via do trânsito do planeta, ou oscilações na orbita da estrela induzidas pela presença destes planetas. Para medir estes efeitos, os planetas precisam mesmo de ter uma massa apreciável, pelo menos até que os métodos de detecção não melhorem de forma considerável.