Tuesday 30 January 2007

O Lado Negro do Universo (II)

Continuação do post anterior...

O Universo em corrida acelerada

O que seguidamente se vai descrever, leva-nos a observações levadas a cabo nos anos 90 e que culminaram em 1998 com a estranha (para dizer o mínimo) conclusão, que o Universo não só está em expansão, como essa expansão está a acelerar!

Para isso voltamos novamente a Hubble e ao método que utilizou para chegar a uma das conclusões mais extraordinárias da ciência no século XX. O método recorre à análise do espectro da luz visível das galáxias, e designa-se por “desvio para o vermelho” (redshift). O efeito é afim do previsto por Doppler para as ondas (por exemplo, sonoras), e com o qual nós estamos perfeitamente familiarizados no dia-a-dia: quando vamos na rua e passa uma ambulância com as sirenes activas, constatamos que o som é mais agudo (menor comprimento de onda) quando se aproxima de nós, e que se torna mais grave (maior comprimento de onda) quando se afasta. Com a luz é a mesma coisa mas às cores, desde o vermelho (como os sons graves) ao azul (como os sons agudos). Hubble verificou que o espectro visível da esmagadora maioria das galáxias tinha um desvio sistemático para o vermelho, ou seja, só podiam estar a afastar-se. Hubble também estabeleceu uma relacção muito importante entre a velocidade de recessão das galáxias e a sua distância, ligadas entre si por uma constante (constante de Hubble) que estabelece a proporcionalidade entre o aumento da distância e o da velocidade de recessão, ou seja, quanto mais afastadas estiverem as galáxias, mais depressa se afastam entre si. Isto implica que temos de ser capazes de medir distâncias no Universo, o que no tempo de Hubble era mesmo muito complicado. No entanto, se soubermos qual a potência de emissão de uma fonte luminosa, facilmente deduzimos a distância a que esta se encontra de nós em função da quantidade de luz que conseguimos medir. O problema é que as estrelas não têm todas a mesma potência de emissão e poderemos deduzir (mal) que uma estrela que emite menos luz está mais afastada que uma que emita mais luz, ainda que se encontrem à mesma distância.

Os astrónomos resolveram esse problema arranjando estrelas-padrão, as mais promissoras das quais são as supernova do tipo 1a. Supernova é uma estrela que explode de uma forma extraordinariamente violenta, e as do tipo 1a têm um padrão de evolução constante. O problema reside em encontrá-las uma vez que só são visíveis (enquanto supernovas, note-se) durante esse processo. O facto interessante na análise destas estrelas nos anos 90, em particular as que apresentavam um maior redshift (e por isso mais distantes e antigas, já que há que contar com o tempo necessário para a sua luz chegar até nós), é o de, a partir de certa altura, se projectarem acima da recta que estabelece a correlacção (supostamente linear) entre velocidade de afastamento e distância, conforme se verifica na figura anexa ((C) Institute of Physics). A conclusão é que a expansão do Universo está a acelerar. Esta conclusão não pode ser mais estranha e contra-intuitiva. O que sabemos é que a Gravidade é rainha no Universo, e enquanto força atractiva tende a aglomerar a massa que está espalhada no Universo. A nossa experiência diz-nos que se atirarmos uma pedra ao ar, esta acaba por cair novamente no solo. O que esta observação implica é algo mesmo muito estranho, já que se repetíssemos a experiência da pedra, era como se esta, de repente, largasse a acelerar por aí acima e desaparecesse da órbita terrestre! Existe algo no Universo que, de facto, tem um efeito contrário ao da Gravidade, e age como uma “força repulsiva”. Na realidade os astrofísicos designam esta entidade como Energia Negra e interpretam-na como a energia do vácuo, atribuindo-lhe o famoso papel do lambda maiúsculo nas equações de Einstein (outros, mais esotéricos, dirão que é resultado de um campo quântico que designam como Quintessência). Afinal, ao fim destas voltas todas os físicos tiveram de “engolir” a Constante mais Irritante da Cosmologia, com a qual sempre sentiram um desconforto enorme. Pior ainda, a ideia que fazem desta “Energia” é tão negra quanto o nome que ela encerra.

Monday 29 January 2007

O Lado Negro do Universo (I)


Enquanto não tenho outras coisas prontas para ir servindo, sempre me vou socorrendo de alguns temas que vou revisitando nas minhas leituras de aprofundamento da cultura científica. E assim não poderia desperdiçar a deixa no último post sobre a Matéria Negra para voltar a este tema que tem tanto de interessante como de estranho. Como foi referido nesse assunto, parece que existimos num Universo que está longe de revelar tudo o que tem, tal como se olhássemos para uma mulher com uma burka. Quanto muito vislumbramos os olhos... Por isso mesmo vamos espreitar um pouco mais a face negra do Universo: a Energia Negra.

Primeiro, precisamos de contextualizar o problema. Einstein (sempre ele!) tinha acabado de publicar a sua Teoria da Relatividade Geral (1917) quando se deu conta (ele e não só...) que as suas equações implicavam um Universo dinâmico. Por estranho que isto pareça, nessa altura a concepção vigente do Universo via-o como uma entidade estática e Einstein, apesar do seu visionarismo não o concebia de forma diferente, pelo que acabou por introduzir um termo nas suas equações (o famoso lambda maiúsculo, conhecido como Constante Cosmológica) que garantia a imutabilidade do Universo. Todos temos a experiência (desde Newton pelo menos) que a força da gravidade é atractiva. Tudo o que se aproxima da Terra acaba por se esmagar contra a sua superfície (que o digam os dinossáurios há 65 milhões de anos). Então, a função da Constante Cosmológica é precisamente contrapor o efeito da Constante Gravítica, ou seja, funciona como uma “força repulsiva”. Para azar de Einstein (mesmo os génios têm os seus momentos menos bons), Edwin Hubble, nos EUA, acabava de colectar um conjunto de observações que demonstravam, afinal, que o Universo estava em expansão. O que se segue é um episódio que alguns especialistas contestam se de facto Einstein disse algo do género, em que este admite que a introdução da Constante Cosmológica foi o seu “maior erro” (“My greatest mistake” ou “My biggest blunder” conforme as fontes. Até à data, este estabelecimento não recebeu nenhum desmentido do autor visado).

(continua amanhã, que as regras ditam que não haja muito texto para ler)

Continuar para o artigo seguinte

Monday 22 January 2007

Portugueses Alternativos

Estamos num período de busca de culturas alternativas, onde por vezes se confunde a diferença com a excelência, mesmo que essa diferença seja uma merda (o que importa é ser diferente!). Assim, este estabelecimento não podia ficar indiferente à escolha dos 10 melhores portugueses da história, promovida por uma cultura mainstream que obviamente aposta apenas em valores seguros, promovendo por sua vez os valores emergentes, alguém que ainda não terá o reconhecimento mas espera que um dia o venha a alcançar. Estes poderão ser alguns dos 10 grandes portugueses no futuro.

Alberto João Jardim, por nos mostrar que não somos apenas uma República das Bananas, mas também uma República de Bananas

Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, porque quando fôr grande quero ser culto como ele

Manuela Eanes, por ser a Madre Teresa de Calcutá, versão "dondoca"

Maria de Belém, pelo penteado, e porque a Manuela Eanes já ganhou noutra categoria e também porque esta lista tem de cumprir quotas

Fernado Gomes, pelo capachinho e para demostrar que não são só as mulheres a preocuparem-se com o penteado

Zé Maria, por ter ganho o Big Brother e por representar o português anónimo ofuscado pelos seus 5 minutos (tanto?) de fama

Major Valentim Loureiro, porque o país acreditou que ele fazia apenas uma campanha de electrodomésticos e afinal ganhou a Câmara de Gondomar

Durão Barroso, por finalmente estar à frente da União Europeia sendo o nosso maior garante que será a Europa agora a aproximar-se de nós e não o contrário

António Guterres, por estar refugiado não se sabe onde

e finalmente,...

Herman José, por ter um dia afirmado que “um país que começou com um filho a bater na mãe, nunca poderia dar certo”

Friday 19 January 2007

Cuidar da Nossa Casa

Há certos assuntos que rapidamente transpõem a barreira das preocupações académicas e saltam para a praça pública, sendo objecto de comentários vários, alguns por personalidades armadas em treinadores de bancada vituperando os profetas da desgraça, baseados numa sapiência que não passa de uma leitura mais ou menos desinformada de um conjunto de press releases e meia dúzia de artigos que mostram o conteúdo do prato já mastigado para facilitar a sua digestão intelectual. Termos gastronómicos à parte, que só ficam bem neste blog, o que motiva esta minha intervenção prende-se com as notícias recentes sobre a tempestade violenta que se está a abater sobre o centro da Europa e que levou já à morte de mais de 30 pessoas. É óbvio que vou abordar o problema das alterações climáticas.

Antes de mais, é necessário que fique claro que a consciencialização pública deste problema é fundamental, e na guerra de contra-informação que é dirigida a todos os temas que são polémicos, e este não é exepção, a necessidade de aprofundamento e gosto pela cultura científica na sociedade é de importância fulcral. Ninguém conseguirá assimilar de forma crítica tudo o que é dito acerca deste assunto, e os problemas vêm de ambas as facções extremistas, mas saber um pouco mais de ciência ajuda imenso. A questão sensível nesta discussão tem a ver com o abalo que a necessidade urgente de mudança de atitudes no mundo industrializado e tecnológico provoca na estrutura económica, o que imediatamente grangeia uma prole de contestatários e situacionistas de peso, embora a questão não se esgote aqui. Não menos importante é o cada vez maior individualismo social, quando se deve perceber que o interesse colectivo neste caso assegura a nossa própria sobrevivência e, mais importante, a das gerações vindouras reenquadrando os ideais sobre os direitos individuais levados ao extremo num contexto onde também existem, acima de tudo, deveres.

Os argumentos esgrimidos contra as evidências do aquecimento global apontam para o carácter singular das observações à escala humana, sendo necessário tempos de observação mais longos para retirarmos conclusões definitivas sobre o assunto, como se os assuntos científicos tivesssem conclusões definitivas. No entanto, as evidências acumulam-se, as mais importantes das quais até nem acontecem agora, mas vão sendo progressivamente desenterradas a um passado muito distante, por vezes incomensuravelmente distante à nossa escala. E o que nos permitem concluir essas observações? Que o clima terrestre sofreu diversos episódios de mau humor (do nosso ponto de vista e no de muitas espécies) por motivos que não tiveram qualquer intervenção “externa” no meio ambiente. Também é verdade que nunca em período algum na história da Terra houve uma espécie cuja acção no ambiente tenha sido tão forte como a nossa, e se quisermos falar sobre o CO2, o valor actual de 360 ppm (partes por milhão) na atmosfera, está bem acima de qualquer registo nos últimos 400 000 anos cuja concentração máxima não ultrapassou os 280 ppm nos períodos de clima mais favorável. Esta e muitas outras evidências, que não passam de meras singularidades segundo o que alguns nos querem fazer acreditar, e que aqui não será o local para as mostrar ou discutir em pormenor, podem facilmente ser invocadas. Também ninguém pode afirmar de forma séria para onde nos levam as nossas acções, mostrando infernos escaldantes ou invernos gélidos, e não é preciso ser muito perspicaz para perceber que se temos dificuldade em prever o tempo a curto prazo, a esta escala podemos dizer que qualquer cenário se torna facilmente irrealista. Podemos no entanto ter ideias sobre tendências, e mesmo assim admitindo que estamos a considerar as variáveis fundamentais do problema no nosso modelo. Mas como diria um especialista “We are running an uncontrolled experiment”. Alguém quer arriscar nos resultados e consequências da nossa atitude de aprendizes de feiticeiro? Também não podemos suportar por muito tempo a atitude de varrer a sujidade para debaixo do tapete. A física tem um conceito que poucos o entendem nessa forma e que se chama “inércia”. Um exemplo prático: considere um grande navio (cargueiro) e também a sua forma de locomoção. Ao contrário dos automóveis, que contam com o forte atrito do solo ao movimento das rodas, colocar um navio em marcha demora tempo, e mais tempo ainda até que atinja uma velocidade de cruzeiro estável. Os comandantes sabem bem que, quando se aproximam de um porto, têm de desligar as máquinas com antecedência uma vez que a massa inercial do navio ainda o permite fazer deslizar por muito tempo. O descuido aqui paga-se caro, com o navio a irromper molho adentro, como numa ocasião que assisti no porto de Ponta Delgada. O sistema climático terrestre tem uma inércia gigantesca pelo que apesar dos males acumulados desde a Revolução Industrial, nós mal começámos a sentir as mudanças, mas a máquina já está em movimento. Por isso é que mesmo que paremos agora, a inércia, mais uma vez, manterá a máquina em movimento por muito tempo mesmo... E agora? De que estamos à espera para fazer alguma coisa?


Wednesday 17 January 2007

Inquietação de 70

Acaba de sair o disco a solo de JP Simões, com o título “1970”, e óbvias referências à música brasileira com dedicatória especial a Chico Buarque. Mas acima de tudo contém uma interpretação fabulosa da canção “Inquietação” de José Mário Branco, a qual ainda se escuta hoje, e sempre, com a mesma actualidade e urgência que levaram o seu autor a escrevê-la. Diria que neste tempo de máscaras e faces invisíveis, ou inventadas, de terror muitas vezes alimentado por quem se diz vítima dele, a letra não podia ser mais apropriada.

Cá dentro inquietação, inquietação,

É só inquietação, inquietação,

Porquê, não sei

Porquê, não sei

Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer

Qualquer coisa que eu devia perceber

Porquê, não sei

Porquê, não sei

Porquê, não sei ainda

E já agora, se alguém estiver interessado na sua última entrevista, podem ir ao site da TSF e ouvir JP Simões em conversa com Carlos Vaz Marques.

Sunday 14 January 2007

Um Esquiço da Matéria Negra

Foi recentemente anunciado no site da revista Nature, e será objecto de publicação nessa revista esta semana, que um grupo liderado por cientistas do Caltech (California Institute of Technology) produziu, pela primeira vez, um mapa da matéria negra no Universo. Conforme mostra a figura (retirada do site da Nature) o que se observa são linhas de contorno que indicam o local onde essa matéria negra se acumula e que, surpreendentemente, não coincidem sempre com zonas de acumulação da matéria “normal” (isto é, visível) e que aí está representada pelas zonas coloridas no fundo negro. Porque é que este resultado é, à primeira vista, surpreendente?

Para isso é melhor começarmos por dizer o que é a matéria negra. Na realidade, ninguém sabe, e não tem nada a ver com uma qualquer vertente obscura da vida. Digamos que é uma inferência resultante das nossas observações do Universo e dos modelos existentes para o descrever, que não são mais que produtos da Teoria da Relatividade Geral de Einstein a qual tem sido sempre testada com sucesso nas mais diversas ocasiões. As estimativas actuais apontam para que o Universo seja constituído por 30% de matéria negra e 60% da energia negra (outro assunto bem interessante), restando uns míseros 10% para a matéria comum, ou seja, não fazemos a mínima ideia sobre o que constitui 90% do nosso Universo. Lembremo-nos que Einstein estabeleceu a relacção entre matéria e energia como duas faces da mesma moeda.

Como se desconfiou da existência de uma matéria negra, e porque é que a designamos por “negra”? A resposta à segunda parte da questão é simples, e tem a ver com o facto de esta só poder ser uma matéria que actualmente não interage com a radiação electromagnética (de que a luz visível faz parte). Quanto à primeira parte, verificou-se que para compreender e simular a formação das galáxias e dos agrupamentos de galáxias teriam que haver desequilíbrios na distribuição da matéria, e que esta, na sua totalidade, sería numa quantidade tal que ultrapassa grandemente o que se consegue “ver”. Por outro lado, se a massa das galáxias corresponde apenas à matéria visível, então é de esperar que a velocidade orbital das estrelas vá diminuindo à medida que estas se encontram mais afastadas do centro da galáxia. Ora, acontece que não é nada disto que se observa. Na realidade, a velocidade orbital é basicamente constante. Esta observação é compatível com a existência de um halo contendo 10 vezes mais matéria (que ninguém vê), ou seja, a galáxia como um todo está essencialmente no centro desse halo, assim se justificando a inexistência de diferenças significativas nas velocidades orbitais.

Em suma, as teorias correntes apontam para que a matéria negra seja indispensável para a formação das galáxias e das grandes estruturas no nosso Universo, daí que ambas, a matéria comum e a matéria negra, estejam (ou pelo menos devam estar) sempre juntas. E aqui voltamos ao ponto inicial e percebemos porque é que este resultado é surpreendente. Acontece que os cientistas, antes de ficarem preocupados, têm de obter garantias muito fortes acerca do que medem, e os métodos para inferir os resultados que a figura mostra encerram muitas incertezas e, consequentemente, muitos erros. Por isso, ainda nada estará perdido para o status quo e para a concepção vigente do Universo, e muitos acreditam, quase piamente, que estas discrepâncias se devem a esses erros. Um exemplo disso é Carlos Frenk, da Universidade de Durham, que no site da Nature afirma “We know too much about the Universe”. Em muitas ocasiões a Natureza demonstrou que devemos ser humildes na presunção do que sabemos, e relembrar Sócrates (não confundir com o actual primeiro-ministro) talvez não faça mal a alguns cientistas.


Wednesday 10 January 2007

A Lista dos Desejos

Com as transições de ano há sempre aquela tendência obsessivo-compulsiva de listar tudo e mais alguma coisa que ocorreu no ano que finda, desde o bom ao mau, passando pelo mais ou menos e o assim-assim. Seja a política, as pessoas, discos e filmes, vinhos, gadgets (palavra chique esta agora!) ou aparelhagens, é inevitável tropeçarmos neste amontoado de destroços retirados do seu contexto natural para gáudio de mentes dadas ao unanimismo acrítico e ao consumismo exacerbado.

Considerações à parte, o que eu sinceramente não esperava era deparar-me com uma lista de desejos secretos de uma reconhecida e proeminente personalidade da região norte, que evito pronunciar o nome para não comprometer o responsável desta impiedosa fuga de informação, contribuindo assim ainda mais para um final de ano 2006 bem negro.

Reza (salvo seja!) a lista:

1. Evitar ficar vermelho de raiva

2. Evitar ser julgado no Iraque

3. Evitar os bares de alterne

4. Não confiar em homenzinhos vestidos de preto

5. Pedir asilo político ao Alberto João Jardim, já que por aquelas bandas até se pode enxovalhar o Estado sem que nada nos aconteça

6. Oferecer a todos os conhecidos a música “Natação Obrigatória” da Banda do Casaco, onde se diz que “não há cú que não dê traque”, demosntrando assim que todos nós padecemos deste mal. A diferença é que eu sou extrovertido

7. Preparar a candidatura à Câmara Municipal do Porto, que esta mancha no currículo perspectiva uma vitória certa, a julgar pelas últimas eleições autárquicas

8. Saber se o nome Carolina é a variante portuguesa da Cabala

Monday 8 January 2007

Happy Birthday, Mr. Bowie


Por alguns dos sítios, pouco recomendados diga-se, por onde passo é impossível não se deparar com a notícia que hoje, um tal senhor de seu nome David Bowie (embora os pais o tenham baptizado como David Jones), faz 60 anos. Bonito número! Vamos ver se lá chegarei também....

Não aprecio muito as efemérides, mas aproveito a ocasião para relembrar alguns marcos na carreira de Bowie com que me fui deparando. Em primeiro lugar, foi uma descoberta tardia, mas diria que imediatamente absorvida de forma quase viciante. A discografia de Bowie tem tantas metamorfoses quantas aquelas que ele próprio sofreu na sua imagem, passando por géneros musicais igualmente variados, deixando em vários momentos uma marca indelével por onde passou. No entanto, foi com os seus discos da fase dita “Berlinense”, com Brian Eno (em algumas composições) e Toni Visconti (na produção), que eu pessoalmente acho que Bowie lançou uma mão-cheia de sementes musicais que viriam a germinar pouco mais tarde continuando ainda a fazer efeito. Ainda hoje, se ouvirmos esses discos, respiramos uma atmosfera claramente actual. O título do tema que abria o lado B de “Low” (reparem que estou a fazer uma referência ao vinilo, o qual será objecto de um assunto que conto trazer aqui algures no tempo), “Warszawa”, foi o nome com que Ian Curtis e seus companheiros baptizaram a sua banda antes de esta se chamar Joy Division, só para dar um exemplo.


Também fui revisitando Bowie, como tantos de nós, no cinema, como em “Merry Christmas, Mr. Lawrence” e “The Man Who Fell to Earth” (cuja personagem ilustra a capa de “Low”), mas também no teatro, numa adaptação para televisão de “The Elephant Man” (há já uns anitos na televisão pública...). Ao vivo, só mesmo em 1991 (acho eu, pois devo ter o bilhete por aí algures guardado), aquando da sua tournée “Sound and Vision” que passou pelo nosso cantinho no já extinto (ou demolido, como preferirem) Estádio de Alvalade.

Quanto aos meus discos preferidos, aqui ficam os registos das suas capas:

sem esquecer este maxi-single (a 45 rpm), com uma das suas melhores canções, composta para o filme “Absolute Beginners”:


Mais recentemente, reconciliei-me com estes, mas nota-se que o Camaleão está cansado...



Agora, façam lá um gesto de simpatia por este Senhor e comprem-lhe um disco ou dois como prenda de anos, que pode também ser a vossa, já que dele será seguramente.
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Thursday 4 January 2007

The Hitchhiker’s guide to the Galaxy e Douglas Adams (1952-2001)

Vou voltar à carga com o assunto do post anterior, e chamar a atenção para este texto escrito por Richard Dawkins, professor da Universidade de Oxford e autor do controverso livro The Selfish Gene, notando a importância da cultura científica na escrita de Douglas Adams, aquando do seu falecimento.

What I didn't know was how deeply read he was in science. I should have guessed, for you can't understand many of the jokes in Hitchhiker if you don't know a lot of advanced science. And in modern electronic technology he was a real expert.

Richard Dawkins in The Guardian, Maio de 2001.

Este blog também pretende ser um contributo para o enriquecimento da cultura científica.

Wednesday 3 January 2007

Restaurante no fim da blogosfera

Caro blogonauta,

Bem vindo a este bolg. Mas antes de começarmos: caso não tenha imediatamente percebido a clara referência no título deste blog, do que é que está à espera para se dirigir à livraria mais próxima e comprar (ou pedir emprestado, não na livraria supõe-se!) um exemplar do livro “The hitchhiker’s guide to the Galaxy” de Douglas Adams (trad. em português “À boleia pela Galáxia”) e lê-lo avidamente até ao fim para que colmate esta lacuna inaceitável na sua cultura literária? Vai ver que não se arrepende! Quanto às sequelas cinematográficas: esqueça-as! não valem o esforço.


Não esperem encontrar crónicas sobre o meu dia-a-dia, nem sobre os meus animais de estimação, nem sobre pombos que cagam no parapeito da minha janela, nada disso. Espero apenas espairecer algumas ideias e partilhá-las com quem achar valer a pena fazê-lo.

Como primeiro acto de 2007, eleger o pior de 2006:

1. Ter-me lembrado de fazer este blog;
2. lembro-me de tanta coisa má que nem tenho tempo de escrever; seguramente não vos faltarão exemplos!...
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