Tuesday 22 November 2011

It's The End of the World as We Know It (and I Feel Fine)

Lembrando um texto recente da chafarica, notícias fresquinhas apontam cada vez com mais segurança que o Higgs possa ser uma simples miragem. De momento resta a gama de 114-141 GeV para o encontrar (a gama entre 141 e 476 GeV já foi esquadrinhada). Lá para Dezembro já haverá notícias da análise dos resultados entratanto acumulados.

Quanto aos neutrinos superluminais, o grupo responsável pela experiência não só rebateu as objecções colocadas até ao momento por vários físicos bem como outro grupo pertencente aos laboratórios envolvidos repetiram a experiência e obtiveram mais um conjunto de 20 eventos (o que não é muito), com a diferença que os pulsos de protões usados para gerar os neutrinos diminuiram para uns insignificantes 3 nanosegundos (em vez dos 10,5 microsegundos da experiência inicial) por forma a reduzir a incerteza no intervalos de tempo medidos, eliminando as dúvidas na correspondência do evento gerador associado ao neutrino detectado. Ainda assim, o grupo reproduziu a diferença de 60 nanosegundos relativa à velocidade das partículas de luz. Se bem que neste caso o cepticismo continue, não se prevê que o assunto fique resolvido, como no caso do Higgs, até Dezembro, mas antes somente daqui a uns dois ou três anos.

Finalmente, muitos físicos e filósofos da ciência vêm debatendo desde o princípio do século XX o significado a famosa função de onda (é uma realidade física? É uma probabilidade?). M. F. Pusey, J. Barrett, e T. Rudolph publicaram um artigo (The quantum state cannot be interpreted statistically) com um teorema que relança não só a questão, como parece indicar que o dita função de onda das partículas elementares tem mesmo um significado físico real. Pese embora o seu carácter abstracto e teórico, as implicações do resultado são muito profundas por voltarem a reequacionar a interpretação da realidade quântica, para todos os efeitos, uma realidade sem correspondência com absolutamente nada que vivenciamos no dia a dia.

Agradece-se aos R.E.M. o empréstimo do título.

Monday 21 November 2011

Reflexões III

As notícias dão-nos conta que no Egipto já há, pelo menos, mais de três dezenas de mortos em confrontos com a autoridade. No fundo, isto é como com as estações do ano. Primeiro veio a Primavera e com ela a esperança. Depois veio o Verão e a confiança. No entanto, a inevitabilidade do tempo diz-nos que a seguir vem sempre o Outono e que nenhuma esperança retorna sem passar pelo Inverno.

Friday 11 November 2011

Reflexões II

Alguém que explique ao Otelo Saraiva de Carvalho que os governos agora não se derrubam com armas mas sim com taxas de juro.

Thursday 10 November 2011

Reflexões I

Um Primeiro Ministro com o nome de Papademos, só pode ser uma excelente escolha para enfrentar os males da Grécia.

Sunday 6 November 2011

Max Richter @ Teatro Maria Matos (5 de Novembro de 2011)


De volta à escrita, e depois do concerto de Bonnie "Prince" Billy neste mesmo palco (crítica aqui), foi a vez de dar lugar à música melancólica de Max Richter. Com o objectivo de apresentar o seu último trabalho, Infra (2010), o concerto acabou por ser dividido em duas partes. Na primeira parte, a tela ao fundo do palco dá lugar a uma animação minimalista de personagens femininas e masculinas que se passeiam incessantemente de um lado para o outro, ao passo que Max Richter introduz as componentes electro-acústicas com um pequeno portátil e que sustentam as peças musicais que se desenvolvem ao piano e com uma pequena orquestra de câmara (dois violinos, uma viola e dois violoncelos). No seu elenco aparecem John Metcalfe (viola), nem mais nem menos que um ex-membro dos Durutti Column de Vini Reilly e recentemente responsável pelos arranjos dos últimos discos de Peter Gabriel, e que com Louisa Fuller (1º violino) forma o The Duke Quartet. Os temas de Infra vão-se desfiando ao sabor de uma peça orquestral dividida por movimentos, e que só terminam com o final da primeira parte do concerto. A música do disco, desconhecida para mim até aquele momento, vem na continuidade do seu trabalho anterior, em que os elementos electro-acústicos introdutórios dão o mote para um ambiente carregado de negrume e uma opressão claustrofóbica sublinhada pelas bátegas de água da chuva sendo depois melancolicamente sobrespostos pela música do piano (minimalista e afim dos tons melódicos dos compositores clássicos de princípio do século XX) mas acima de tudo comandados pelo quinteto de cordas, cujas referências se situam claramente na esfera de um Michael Nyman mas de raíz assumidamente mais classissista. Finda a apresentação, seguem-se 20 minutos de intervalo para dar lugar à segunda parte, onde Richter revisita parte da sua obra anterior. E que melhor maneira de começar senão por esse excelso disco que é The Blue Notebooks (2004), obra onde as palavras de Kafka são veiculadas pela voz da actriz Tilda Swindon, com o tema “On the Nature of Daylight”. Assim, a segunda parte torna-se mais descontraída e mais motivadora de empatia com o público que enchia a sala (para surpresa minha e dos meus companheiros destes concertos no Maria Matos), certo de que a música de Richter que acompanhou filmes como Shutter Island de Scorcese ou, em particular, Valsa com Bashir de Ari Folman onde assinou a banda sonora, tenha motivado esta adesão. Os temas vão-se seguindo e o concerto termina com o maravilhoso “The Trees”, infelizmente manchado por problemas de som onde o irritante feedback inicial nem sequer foi o pior momento. O crescendo final que estava reservado para o concerto por vezes foi penoso de ouvir. Quanto aos músicos estiveram em forma, passe o pormenor de em duas ou três ocasiões a harmonia de conjunto ter momentaneamente falhado, mas rapidamente corrigida que nem terá dado tempo para a esmagadora maioria dos presentes perceber. 3,5/5