Friday 30 January 2009

Importa-se de Repetir?

Estando eu hoje, calmamente, a tomar o pequeno almoço ao som da TSF, ouço excertos da entrevista de Judite de Sousa à Procuradora Cândida Almeida, que após ser questionada se a Procuradoria tinha feito esforços para encontrar o primo de José Sócrates, afirmou que sim e que até sabia onde se encontrava. Pergunta seguinte (não é ipsis verbis, mas anda lá perto): “E pode dizer-nos onde se encontra?” ao que a Procuradora respondeu “Não, porque assim ele pode fugir!”

Das duas, uma: ou o primo de José Sócrates é surdo e hermita, tem aversão às novas tecnologias, é bicho-do-mato e não tem amigos e tem raiva de quem tem, ou então a esta hora, se tem razões para fugir, já deve estar a milhas de distância...

Srª Procuradora, se a questão era assim tão sensível, ou sou eu que sou estúpido, ou o problema não é não dizer onde está o primo de José Sócrates mas sim ter reconhecido que sabe onde ele está! Certo?

Monday 19 January 2009

Maio Maduro Maio

Vai ser, de facto, um Maio bem maduro pronto a ser degustado com prazer tal a oferta de concertos de antecipada qualidade. Uma vez que me vejo frequentemente atrapalhado para conseguir ir a concertos, espero que do lote destes três acepipes consiga acertar em, pelo menos, um.


Polly Jean Harvey + John Parish, 2 de Maio, Casa da Música no Porto


Antony and the Johnsons, 14 de Maio, Coliseu de Lisboa


Wilco, 31 de Maio, Coliseu de Lisboa

Thursday 15 January 2009

Ensaio Sobre a Cegueira


D. José Policarpo lançou uma atoarda para a praça pública cujas consequências eram de esperar. Não quero estar aqui com maniqueismos fáceis ao apontar os séculos de intolerância religiosa da igreja cotólica, para já não falar das atávicas afirmações do Vaticano sobre homossexualidade ou o uso do preservativo.

Há dois erros crassos nas afirmações do Cardeal Patriarca de Lisboa. O primeiro é que não é suposto dar conselhos sobre o que cada um, neste caso cada mulher, faz da sua vida privada caso entenda, ou não, casar com um muçulmano. O segundo é que, enquanto representante maior de uma comunidade religiosa, a católica, não pode simplesmente tecer afirmações sobre outras comunidades religiosas da forma ligeira que o fez. Mesmo que pela cabeça da maioria de nós passe a mesma vontade de desabafar para com o fundamentalismo muçulmano, a sua posição hierárquica não é coadunável a desabafos deste calibre até porque os efeitos colaterais são sempre elevados: ao querermos atingir os profetas da verdadeira intolerância, acabamos por abater um sem número de inocentes que se revê no islamismo mas que convive perfeita e pacificamente com o próximo e não partilha das mesmas ideologias suicidas. No fundo, é tal como a dimensão dos ataques dos israelitas contra o Hamas, por muita razão e até alguma legitimidade que tivessem por terem sido as primeiras vítimas dos rockets da intolerância.

Tuesday 13 January 2009

Sob a Tutela de Darwin


O ano de 2009 está a ser rico em comemorações. Depois de anunciado como Ano Internacional da Astronomia, é também o Ano Darwin e isto porque se comemoram em 2009 os 200 anos do nascimento desse brilhante naturalista que foi Charles Darwin (1809) e também 150 anos da publicação dessa obra maior que foi On the Origin of Species (1859). Embora hoje a teoria evolucionista darwiniana seja algo contestada nos seus princípios básicos, que admitia uma evolução lenta e gradual das espécies, não deixa de ser um livro que revolucionou por completo o pensamento da sociedade moderna e o posicionamento do Homem da Natureza. Hoje uma personalidade da ciência apadrinhada por biólogos, Darwin foi acima de tudo um naturalista, como era comum designar alguém que se dedicava ao estudo da Natureza e fenómenos naturais. O seu apadrinhamento pelas Ciências da Vida tem a ver com a importância e impacto da obra On the Origin of Species, mas Darwin foi, à época, um geólogo e não um biólogo como seguramente a esmagadora maioria das pessoas julga. O seu primeiro mentor que o iniciou nos domínios da geologia foi Adam Sedgwick, professor em Cambridge, e mais tarde o eminente Charles Lyell que publicou a obra Principles of Geology (1830-1833), obra essa que teve um profundo impacto em Charles Darwin e que, no fundo, iria marcar indelevelmente a sua carreira. A Charles Darwin devem-se outras contribuições como a compreensão (correcta até hoje) do processo de formação dos atois e uma arrojada (à época) proposta de quantificação da idade da Terra, com base na sedimentação em bacias. Esta proposta figurou inclusivé na primeira edição de On the Origin of Species, mas a autoridade maior de Lord Kelvin, que usando as ferramentas da termodinâmica que ajudou a desenvolver, chegava a uns conclusivos 90 milhões de anos. Os 300 milhões de anos de Darwin eram significativos mas, para si e maioria dos geólogos, ainda curto para explicar o gradualismo da evolução geológica e animal registada nos fósseis. Mas que argumentos utilizar contra as leis da física bem estabelecidas? Teríamos de esperar por Marie Curie para chegarmos à fonte (desconhecida) de todas as discordâncias e que haveria de dar razão aos geólogos: a radioactividade! E em vez de 90 ou 300 milhões de anos, seriam 4500 milhões de anos. Mas essa história fica para outra oportunidade.

Monday 12 January 2009

Que o Céu Não Nos Caia em Cima da Cabeça



Foi em 1959 que apareceu a primeira aventura de Asterix, Astérix, Le Gaulois, editado pela Dargaud. Fará 50 anos a 29 de Outubro, quando em 1959 foi iniciada a sua publicação na revista Pilote, que duraria até 14 de Julho de 1960. O álbum conheceria a luz do dia em 1961. Personagem criada pela dupla René Goscinny (textos) e Albert Uderzo (desenhos) foi das mais famosas e hilariantes no seio da BD franco-belga. O humor mordaz de Goscinny aliado ao traço bonacheirão de Uderzo fizeram de Asterix uma referência para toda uma geração que cresceu a ler as suas histórias, que para além de nos irem ensinando alguma História, tinham a característica de brincarem com a identidade europeia e as idiossincrasias dos povos a que não eram estranhas algumas referências à actualidade geopolítica. A morte de Goscinny em 1977 deixou Asterix órfão de metade da criatividade. Albert Uderzo continuou a série até aos dias de hoje, mas a pujança e originalidade da série ficaram para sempre amputadas e mancas, sendo Astérix chez les Belges a última contribuição de Goscinny, publicado já postumamente em 1979.


Saturday 3 January 2009

Dois, Two, Dos, Due, Zwei, Tveir, Kaksi, Deux, Dvojka!


Pois é! Dois anitos já cá cantam nesta lide bloguística, cujo nível e capacidade denota claramente o que se passa, por exemplo, com as bandas pop/rock que por aí pululam que nem piolhos. Primeiro demonstram uma certa vitalidade e alguns (embora poucos) momentos de inspiração, e depois decaem lentamente à espera de algum lampejo de génio ou revelação divina. Como normalmente tardam em aparecer (se é que aparecem), definham lentamente até ao esquecimento final.

Creio que este blogue cruzou a linha da meia-idade, mas ainda vai mexer e contribuir para que 2009 cumpra a sua função de ano miserável, como é costume desejar-se do fundo do coração neste estabelecimento.

Thursday 1 January 2009

2009: Ano Internacional da Astronomia



Caros clientes, o ano de 2009 que hoje se inicia foi declarado pela Assembleia Geral da ONU como o Ano Internacional da Astronomia. Na perspectiva de vermos as realidades terrenas algo abaladas pelo sismo financeiro, cujos danos continuarão a ser revelados no corrente ano, uma sugestão para olhar para os céus e para esse escuro infinito do Universo. Essa imensidão negra que ultrapassa as nossas mais extraordinárias visões de grandeza lembra-nos quão insignificante é a espécie humana, a tal que não consegue perceber que os males que julga infligir ao Planeta na realidade recaem sobre ela própria. Como disse Carl Sagan: nós somos filhos das estrelas.

Para visitar o site português.


Nébula da Águia: Foto do Telescópio Espacial Hubble.