Wednesday 31 December 2008

Um Bom 2009!

Pois aqui ficam imagens que nos lembram dois acontecimentos marcantes em 2008 que continuarão marcantes em 2009.




Capa da revista New Yorker de 21 de Julho de 2008

Nós por cá... o riso é um dos bons remédios! A série d'Os Contemporâneos tem-se afirmado como um dos casos sérios de humor no espaço televisivo luso, com particular relevância para a personagem d'o chato...



O Chato na Igreja – Parte 2

Tuesday 23 December 2008

Boas Festas

Esta quadra que ora começa é sempre um momento para nos lembrarmos de quem mais necessita de ajuda, apoio e muito carinho, por isso não se esqueçam dos pobres coitados cuja crise tanto afecta.

Que o próximo ano seja venturoso para todos vós, e para os que tanta ajuda pedem ao Estado e aos governos façamos um desejo universal para que fiquem a saber o que é contar os tostões ao fim de cada mês, o que é esticar um orçamento, o que é cortar na roupa para dar de comer aos filhos, o que é viver na incerteza do que o espera no dia seguinte.



Chegou a crise
Não há razão para temer
É que nesta crise
O Teixeira dos Santos vai-nos proteger

Mas neste Mundo injusto
O dinheiro está garantido
Para o pobre, o remediado
E o sem-abrigo

Mas pensa naqueles,
Os multimilionários
Ficaram sem bancos
E sem chorudos salários

E sem direito a indemnizações
Têm de pedir o aval
À sopa dos pobres dos ricos
O Banco de Portugal

O desespero tomou conta
De toda a Quinta da Marinha
Em vez de lavagante
Comem lambujinha

E vão ter de abandonar
O Conselho de Estado
O quadro do Miró
Foi penhorado

Porque esse Portugal
Já não é neo-liberal
Saberão que estamos no Natal!

O subprime limpou-lhes muitos milhões
A polícia trata-os como aldrabões
Saberão que estamos no Natal!

Salvem os ricos
Salvem os ricos
Salvem os ricos
Ajudem os milionários

Salvem os ricos
Ajudem os milionários

Monday 22 December 2008

Coisas do Arco da Velha (#5)

Uma breve incursão por um grupo sui generis, não só na apresentação como até na sonoridade, já que mistura de forma límpida um rock'n'roll de herança blues com o country das paisagens agrestes do Texas, conferindo-lhes um registo singular e uma identidade que não é passível de os confundir com mais ninguém. Perdi-lhes o rasto por volta dos anos 80, mas os ZZ Top ainda aí estão para as curvas, continuando a ser um trio (guitarra, baixo e bateria) firme e coeso ao fim de 40 anos de carreira (formaram-se em 1969). A imagem icónica do grupo são, sem dúvida, as longas barbas dos guitarristas Billy Gibbons e Dusty Hill, acompanhados pelo baterista Frank Beard (ironicamente, o gajo que não usa barba). O meu primeiro contacto com a sua música foi com o álbum “Tejas” (1977) e a espantosa música “El Diablo” mantém-se como uma das minhas favoritas, seguindo-se o álbum “El Loco” (1981). No entanto, em baixo fica um tema bem conhecido do álbum “Tres Hombres” (1973), porventura o seu melhor disco.



ZZ Top, “La Grange” - Tres Hombres (1973)

Wednesday 10 December 2008

Até ao Fim dos Tempos

Dou conta por alguns blogues que hoje, dia 10 de Dezembro, passam 100 anos sobre o nascimento de um dos mais importantes compositores do século XX: Olivier Messiaen. Ainda que relembrar essa peça fundamental da música e da cultura universais que é o "Quarteto para o fim dos tempos" seja oportuna em qualquer ocasião, hoje reveste-se de particular significado. Sob a batuta do próprio compositor então prisioneiro de guerra, foi estreada num campo de prisioneiros de guerra na alemanha nazi no ano de 1941, possuindo por isso um significado singular. É um daqueles momentos musicais que qualquer mortal não deverá deixar passar em vida sem, pelo menos, o ouvir uma vez. Até poderia deixar aqui um dos seus andamentos, mas os meus discos de música clássica/contemporânea são na sua esmagadora maioria em vinilo, e o mundo analógico dá-se mal com as modernas tecnologias digitais.

Monday 8 December 2008

Sob o Signo de Kubrick


Apologia de um Cineasta por um seu admirador confesso

Se há cineasta e cinema onde a fusão orgância entre imagem e música chega à alquimia pura é precisamente com Stanley Kubrick. O seu visionarismo perfeccionista andou largos anos à frente de toda a gente, de tal forma que algumas das suas obras continuam irrepetíveis. Passados 40 anos, o silêncio do espaço exterior não voltou a ser emulado da forma como Kubrick o fez em “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), onde as valsas de Strauss ficaram para sempre ligadas ao bailado das naves em órbita terrestre, e a abertura de “Assim Falou Zaratustra” de Richard Strauss se associa ao nascimento do Homem abençoado por uma estranha tecnologia extraterrestre. As fusões entre electrónicas e música clássica foram outro caldo laboratorial iniciado em “A Laranja Mecânica” (1971) com Wendy Carlos e o inconfundível tema principal, uma adaptação da música de Henry Purcell para as cerimónias fúnebres da Raínha Maria. Uma atmosfera negra e perfeita como retrato de uma sociedade decadente e uma visão pouco complacente da natureza humana que consegue revolver os nossos sentimentos de pernas para o ar. Wendy Carlos haveria ainda de colaborar no filme “The Shinning” (1980), um marco incontornável no género de terror. O piano de György Ligeti é presença constante na existência atormentada do Dr. Harford em “De Olhos Bem Fechados” (1999), e a ambiência da festa privada ficou para sempre materializada na extraordinária composição de Jocelyn Pook “Backwards Priests”. Em “Barry Lyndon” (1975), uma brilhante narrativa cinematográfica e porventura o seu filme mais convencional da fase pós-2001, onde as cenas foram filmadas com luz natural, a ponto de obrigaram à construção de uma câmara com lentes próprias para o efeito, os corpos são muitas vezes animados ao ritmo de um bailado imposto pela banda sonora. E que melhor forma de unir uma comunidade humana sem barreiras senão com uma simples canção, mesmo que cantada em alemão, perante uma plateia de soldados cansados de uma guerra cujas razões no fundo desconhecem, em “Horizontes de Glória” (1957)? A escolha cuidada de uma banda sonora para cinema não é um exclusivo de Kubrick, mas Kubrick levou essa relação a um quase incesto entre duas formas de expressão de tão íntimas que são que imediatamente nos levam a pensar numa delas quando (ou)vimos a outra.


Stanley Kubrick não foi um realizador prolífico porque era um perfeccionista nato, mas cada obra que nos deixou não desdenharia ser considerada entre as maiores na filmografia de qualquer outro ilustre realizador. Desde uma “Lolita” (1962) onde a sugestão e subtileza são infinitamente mais eficazes que um seu remake mais recente de Adrian Lyne, até um “Dr. Estranhoamor” (1964) em que a insanidade militar e política do Mundo em plena Guerra Fria raiam o ridículo e o risível, passando pelo “Nascido Para Matar” (1987) onde a sequência do “sniper” parece ser premonitória do que se passaria, anos mais tarde, na guerra da ex-Jugoslávia. Visionário? Sem dúvida...

Sob o signo de Kubrick, pois! What else?

Sunday 7 December 2008

Ciência nos Limites

A abertura recente do LHC (Large Hadron Colider) no CERN pretende disponibilizar a fabulosa energia de 7 TeV (Tera electrões-volt) na colisão entre partículas sub-atómicas numa tentativa de testar o Modelo Padrão (Standard Model) a um nível que não foi até agora atingido. Pois bem, o Modelo Padrão é o modelo correntemente mais aceite sobre a matéria à escala das partículas elementares e que unifica 3 das 4 forças fundamentais da natureza: electro-magnetismo, nuclear fraca (decaimento radioactivo) e nuclear forte (a força que mantém o núcleo coeso). No entanto existem diversos problemas com esta teoria, nomeadamente a existência de muitos parâmetros que são estabelecidos de forma ad-hoc e também o facto de, até ao momento, a força da gravidade resistir de forma feroz à integração na teoria. Até parece que o espírito de Einstein, que se opunha frontalmente à descrição da mecânica quântica e a considerava profundamente incompleta, se encontra presente para amaldiçoar de forma permanente qualquer tentativa de casamento com as restantes forças da natureza, pelo menos, desta forma. Para isso foram propostas aproximações alternativas, a mais mediática das quais a teoria das cordas (string theory) e que até agora não passam disso mesmo, simples propostas alternativas. Se o Modelo Padrão tem problemas, a teoria das cordas parece enovelada nos objectos com que pretende descrever o mundo sub-atómico a ponto de constituir um autêntico nó cego. As ferramentas matemáticas desenvolvidas na teoria das cordas são de tal forma complexas, que muitos físicos passam mais tempo a tratar da matemática do que do fenómeno físico propriamente dito. Para ilustrar este estado de coisas houve até alguém que já sugeriu que a Teoria das Cordas é uma teoria do século XXI acidentalmente descoberta no século XX (arrancou de forma definitiva no final dos anos 70).


Voltando ao LHC. Desta prodigiosa máquina, que entretanto teve problemas técnicos algo graves com os magnetos supercondutores e que a obrigam a estar parada até meados de 2009, espera-se que vá gerar um manancial de partículas com massas cada vez mais pesadas (lembrem-se que, segundo Einstein, energia e massa são equivalentes), uma das quais (e é o troféu máximo desta partida de caça singular) é o bosão de Higgs, assim designada em honra do físico irlandês, Peter Higgs, que postulou a sua existência. Se for descoberta, será seguramente o avanço mais significativo desta fabulosa experiência colocando o Modelo Padrão num nível onde será muito mais difícil de destronar permitindo também, de uma só penada, explicar a massa de todas as partículas sub-atómicas (dependentes dos tais parâmetros ad-hoc). Claro que muito mais se espera deste empreendimento, que incluem aquelas formas estranhas de energia e matéria que andam pelo Universo e que muito recentemente atormentam o espírito dos astrofísicos com uma persistência avassaladora. Finalmente, teremos muito provavelmente chegado ao limite dos grandes aceleradores de partículas, não por incapacidade técnica mas pelo prodigioso investimento financeiro destas experiências. Em alternativa há quem proponha, há mutio, que as observações astronómicas nos põem em contacto com fenómenos energéticos que colocam a energia do LHC ao nível da usada por uma simples lâmpada caseira. Será preciso mudar o paradigma, e qualquer que seja o resultado destas experiências, essa mudança é inevitável.

Friday 5 December 2008

Mau Jornalismo ou...

Notícia, hoje, no site da TSF:

A Fundação Calouste Gulbenkian distinguiu oito jovens portugueses universitários, na área da investigação científica, com o objectivo de estimular a criatividade e a qualidade.

Entre os premiados deste ano contam-se três investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa, nomeadamente Elisabete Oliveira, do Departamento de Química, Gonçalo Tabuada, do Centro de Matemática e Aplicações, e Pedro Barquinha, do Centro de Investigação e Materiais, informou hoje a Fundação.

A investigação de Elisabete Oliveira...

e segue-se uma descrição dos projectos do 3 jovens investigadores mencionados na notícia. Pergunta-se: e os restantes cinco, quem são? Não aparecem por não serem da FCT? Será a TSF um meio de difusão noticioso ligado à UNL? Isto não é jornalismo sério.

Para que se saiba os restantes investigadores são:

  • Ana Patrícia Carvalho Gonçalves, do Centro de Matemática da Universidade do Minho
  • Eduardo Filipe Vieira de Castro, do Centro de Física do Porto, da Universidade do Porto
  • Emanuel Nemésio de Sousa Dutra, do Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
  • Juan Antonio Añel Cabanelas, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, da Universidade de Aveiro
  • Ricardo Miguel Oliveira dos Santos, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, da Universidade de Coimbra.