Saturday 18 September 2010

Quem veste assim não é Gaga é abjecta


A capa desta semana do Ípsilon entrou nos cânones do mau gosto. O episódio tem tanto mais importância por verificar como uma certa intelectualidade urbana e arty, que muito gosta de um certo folclore em defesa dos animais aparentemente nem sequer vir a terreiro manifestar repúdio por esta forma abjecta de protagonismo. Só para citar um exemplo, por muito condenáveis que sejam as touradas, no seu espírito de raíz cultural nunca esteve nada deste género, e quem não o percebe é porque na realidade não percebe mesmo nada do assunto, nem sequer procura perceber. Mas a simples ideia de utilização de carne como peça de vestuário leva-nos a pensar em consequências bem piores sobre o potencial da demência humana. Mas como tudo isto vem embrulhado em forma de arte, e como todos sabemos que quanto mais chocante for uma certa forma de arte(?) melhor, então nada disto na realidade representa o que representa. É uma espécie de transfiguração do real, ou uma virtualização do mesmo, como o da própria personagem tal como aparentemente se pretende definir. Mas há limites, têm de haver limites, e acima de tudo direito à indignação.

P.S. (20 Set 2010): por uma questão de decoro, decidi alterar a imagem da vestimenta de Lady Gaga, tal a repulsa que causa. Na verdade acho que não devo compactuar com voyeurismos na tradição mais reles e barata dos reality shows em que tudo isto se parece querer transformar, por isso, quem quiser apreciar a "obra" (e tiver estômago para tal) sempre a pode pesquisar na net.