Thursday, 10 July 2008

Vintage Year: 1967

Este texto estava a marinar por aqui há já muito tempo depois de no estaminé do estimado camarada M.A. ter colocado nos comentários o assunto que aqui vou abordar. Como ainda por cima estou com um mau perder desgraçado por não ter assistido à actuação dos Spiritualized no Optimus Alive, pode ser que me ajude a passar a neura.

Isto de fazer listas e mais listas tem o seu quê de obsessivo-compulsivo muito explorado na actual sociedade da informação. Cá para mim, é mais um efeito secundário da sobre-informação a que todos somos sujeitos, tornando apetecível a leitura de peças convenientemente digeridas e, de preferência, só com tópicos para termos uma panorâmica geral sobre os assuntos. Claro está que a panorâmica é mais a dar para a visão desfocada de um míope que deveria usar lentes de 4 mm de espessura e se esqueceu dos óculos em casa. Isto apenas quer dizer que o pessoal que vem aqui ler estas coisas não as deve tomar muito a sério, mas caso esteja interessado, sempre pode ter por aqui uma ou outra boa sugestão para passar um bom serão musical.

Adiante! Pois bem, no blogue do Puto exultou-se o ano de 1997 como sendo de uma colheita musical de excepção. Sem dúvida que teve bons discos, dois dos quais são até particularmente destacáveis na minha opinião pessoal. Vai daí, o estimado camarada M.A. apresenta o seu ano de eleição: 1991. E como forma de dar continuidade a esta cadeia, sem ser cadeia, até porque no blogue April Skies encetei a discussão sobre outro ano, vou aqui passar a apresentá-lo: 1967. Não terá sido seguramente o melhor da minha vida porque não guardo qualquer memória daquela altura, mas foi seguramente melhor que o anterior pois segundo rezam as crónicas dos meus progenitores, tinha fracturado a perna esquerda com uns míseros 7 meses de existência (talvez por essa razão seja canhoto a jogar à bola...).

E o que tem o ano de 1967 assim de tão especial? Foi um ano que não só viu editar musica de grande qualidade mas fundamentalmente porque o seu enquadramento na época fazia desabrochar uma série de percursos na música popular (pop e rock) experimentando caminhos sonoros muito diversos. Foi seguramente um momento fértil para expandir a criatividade de quem a soubesse usar com inteligência, e vários o fizeram de facto. Foi um ano charneira no psicadelismo, na minha opinião uma das mais profícuas propostas musicais cujos frutos elevaram a música rock a patamares de excelência impensáveis para a época. Abriu-se uma porta à experimentação fundando ou ajudando a fundar géneros que se tornaram um guia padrão para muito do que se seguiu até aos dias de hoje. Nunca a música popular veio a testemunhar outro período de tamanha criatividade, não por incompetência ou incapacidade, simplesmente a música pop/rock encontrava-se num período de renovação profunda, fruto de um paradigma nascente na década. Pese embora não admire muito os Beatles, os rapazes deram-lhe um empurrão precioso e fundamental.

A lista apresentada não é apenas pessoal, encontra-se acrescida das sugestões do M.A. (assinaladas com *) em resultado da nossa discussão que pode ser consultada aqui:

Songs of Leonard Cohen” - Leonard Cohen
The Piper At The Gates Of Dawn” - Pink Floyd
The Velvet Underground & Nico” - The Velvet Underground
Forever Changes” - Love
Scott” - Scott Walker
Safe as Milk” - Captain Beefheart & His Magic Band
Are You Experienced?” - The Jimi Hendrix Experience
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” - The Beatles
Magical Mistery Tour” - The Beatles*
The Doors” - The Doors
Days of Future Passed” - The Moody Blues
Chelsea Girl” - Nico*
Moby Grape” - Moby Grape*
Something Else by The Kinks” - The Kinks*
Surrealistic Pillow” - Jefferson Airplane
The Who Sell Out” - The Who

Agora, estimados clientes, se tiverem pachorra para tal, desafio-vos a escolherem um ano vintage e, caso o façam, o favor de avisar estes vossos camaradas bloggers que é para irmos lá espreitar e bater se for caso disso.

2 comments:

M.A. said...

Só para meter pirraça: Spiritualized foi do caneco! (Uma singela resenha segue nos próximos capítulos...)

Não deixa de ter uma certa piada vires recordar este post, até porque ando a engendrar um outro sobre um ano que também julgo ser de excepção (suspense...). Só posso dizer que se trata de um ano em que já era nascido, mas em que os gostos musicais ainda andavam longe da definição...

Abraço

strange quark said...

Fixe! Só mesmo para acabar o meu dia em beleza... ficar a saber o que perdi no dia 10 :((

Pois então cá espero essa sequela...

um abraço