Thursday 7 January 2010

E Pur Si Muove


Era noite, e estávamos no dia 7 de Janeiro de 1610. Galileo Galilei registava a presença de 3 estrelas fixas, totalmente invisíveis a olho nú devido à sua pequena dimensão, próximas de Júpiter e alinhando-se com este segundo uma linha recta.

Faz hoje precisamente 400 anos que Galileo Galilei apontou o seu telescópio a Júpiter que o levou a descobrir as luas que em seu torno gravitam. Esta observação não foi inocente, pois a polémica do heliocentrismo versus geocentrismo havia sido novamente levantada por Nicolau Copernico, com este a defender a primeira hipótese para o Sistema Solar na sua obra, De Revolutionibus Orbium Coelestium, de 1543. No entanto, haveria de ser uma outra observação, ainda por Galileo, que foi determinante na sua confiança inabalável de que era a Terra a girar em torno do Sol e não o contrário. Foi a observação das fases de Venus, pois entravam em contradição com a hipótese geocêntrica defendida pela Igreja.

Há quem defenda que a ciência nasceu neste dia, há 400 anos, tal como na Conferência de hoje na Fundação Calouste Gulbenkian pelo Prof. João Caraça. Talvez não tenha nascido propriamente a ciência, mas mais uma certa forma de fazer ciência que cortou radicalmente com a praxis vigente até então: realizar observações e fazer experiências. Galileo foi o grande responsável pelo desenvolvimento do método científico. O que até aí constituia um acumular do saber livresco, muito metido à reflexão filosófica sobre a Natureza, herdeiro da cultura grega, acabaria por colapsar gradualmente face às sucessivas demonstrações sobre como a Natureza funciona realmente. Uma revolução que ateou rapidamente pela Europa Central e do Norte, mas que poupou algumas regiões periféricas, como em Portugal. Seria com a reforma educativa do Marquês de Pombal em 1759 que na Universidade Portuguesa se deixaria de ensinar a física Aristotélica em favor da física Newtoniana cuja obra maior, Principia, havia sido publicada já em 1687.

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