Monday 3 March 2008

Yin e Yang

A propósito da pequena peça de humor de um dos meus cartoonistas preferidos actuais que está aí mais abaixo, lembro que neste país não deveria haver lugar para tanto espanto, senão vejamos:

1. Durão Barroso, inflamado militante do MRPP que nos tempos do PREC fazia declarações nada simpáticas para a dita burguesia e o patronato, hoje não só passou pela presidência de um governo de direita, como é o digníssimo presidente da Comissão Europeia.

2. Arnaldo de Matos, o vanguardista da classe operária, mítico dirigente do já mencionado MRPP. Soube-se há uns anos que era um advogado de sucesso, representante de várias empresas sendo, ao que parece, frequentador assíduo do Clube dos Empresários. É daqueles exemplos em que a vanguarda disparou a tal velocidade que acabou por apanhar os que combatia. Entretanto, a classe operária continua a uma velocidade equivalente à de um Mini e já perdeu de vista os dirigentes vanguardistas. O seu livro de cabeceira deve ter sido o “Banqueiro Anarquista” do Fernando Pessoa.

3. Ainda hoje vi recordada uma frase do Marcelo Rebelo de Sousa, proferida em 1996, afirmando que nem que Cristo descesse à Terra seria candidato a líder do PSD. Se Cristo não desceu, o que desceu? Deus?

Cartoon de Bandeira, publicado no dia 1 de Março de 2008 no DN.

2 comments:

Anonymous said...

Mudam-se os ventos...

A situação mantem-se enquanto o status quo se mantem... (onde é que eu já ouvi isto?)

É por isso que não gosto nada de tomadas de posição demasiado intrasigentes. Normalmente dão nestas situações que quando analisadas parecem um bocado absurdas.

strange quark said...

Hello YellowAstronaut :)

De facto quando levamos a intransigência ao extremo dá em coisas no mínimo recambolescas. A característica mais difícl de preservarmos na nossa vida, mesmo no vulgar dia-a-dia, é a coerência e o discernimento. Por vezes somos acometidos por mudanças de opinião, que no fundo todos temos direito. Mas se demasiadas vezes repetimos certas atitudes que revelam pouca consistência com a nossa prática comum arriscamos a tornar descrentes aqueles para quem a mudança é urgente acontecer. E vai daí é que os regimes democráticos levam com uns abalos sísmicos valentes de vez em quando...

Há um aspecto que deixei propositadamente ambíguo no post e que se refere ao próprio cartoon: pessoalmente não encontro nenhuma contradição no facto de o Garcia Pereira ir defender o Paulo Portas. Isso apenas demonstra que o Garcia Pereira (pessoa que eu respeito bastante) é capaz de agir como um profissional que é e não confunde o que é uma atribuição profissional do que é o antagonismo ideológico entre a pessoa dele e quem ele vai defender. Duvido que haja muita gente capaz de assumir esse distanciamento. Mas perante o pasmo nacional, diga-se que mais difícil de compreender é o resto de que falo no texto.

Um abraço para lá longe onde estás...