Sunday 1 November 2009

Bateu a Última Hora do Lobo


Não sei se o facto de ser véspera de finados é alguma última ironia de António Sérgio para connosco, em que António Sérgio surge novamente aos microfones da rádio e nos revela a partida que nos pregou. Quem me dera que fosse. Lembro-me também do dia da morte desse grande actor que foi Mário Viegas, a 1 de Abril, e alguém comentar que não tinha acontecido, que tinha sido apenas uma partida do Mário. No dia 1 de Abril, só podia ser. Com o António Sérgio não desaparece apenas o Homem, desparece o divulgador de música como já não se encontram nos dias de hoje, desparece o radialista cuja tradição de fazer rádio pelo que ela representa ou está fora de moda ou está fora das linhas editoriais das rádios, desaparece o efeito surpresa com que nos brindava ao passar música. Homem de gostos eclécticos que nos sabia mostrar a essência do rock, dos seus primórdios aos dias de hoje, foi uma companhia habitual desde o “Som da Frente” até ao “Grande Delta” na extinta XFM. Vim a reencontrá-lo na rádio Radar, que em boa hora o recuperou e salvou do gueto a que estava confinado na Comercial. Obrigado António Sérgio. Não há sequer palavras suficientes para expressar a minha gratidão e a de muita gente que contigo cresceu. Só por isso, nos devemos sentir privilegiados.

5 comments:

extravaganza said...

A ironia está na causa de morte....
Enfarte do miocárdio, tal como o John Peel. :S

Estou inconsolável. :((

strange quark said...

Acho que estamos todos... e aproveitei para corrigir uma gralha que tinha no texto porque o dia de finados é amanhã, não hoje. Talvez pelo pelo facto de hoje ter antecipado a comemoração do dia de amanhã (saberás do que estou a falar).

Ainda há por aí uns quantos tipos que se esforçam por nos dar boa música, mas não há nenhum como o António Sérgio.

Nadia said...

Nem queria acreditar quando me ligaram a dar a notícia, não consigo conceber esta ideia. Criamos esta pessoa como um mito tal forma marca a nossa vida. E agora?Pergunto eu.

strange quark said...

Ninguém é insubstituível e é verdade que muitos vultos que desaparecem acabam por ter alguém, nem que seja passados alguns anos, que vêm ocupar o lugar que tinham deixado vago. Mas olhando para o panorama radiofónico actual e a forma como a música (diga-se, boa música) é tratada nos meios de comunicação social dão-nos a ideia que ninguém conseguirá ocupar este vácuo que nos fica também no coração. Para mais, o António Sérgio ainda tinha muito para nos dar e ser ceifado da vida tão cedo é sempre um choque.

Esperemos que a comunidade bloguista seja um batalhão resistente, à Viriato, na divulgação da música e no apoio aos artistas que o merecem, dignos da herança que o António Sérgio nos deixou.

Shumway said...

Será insubstituivel. E ficará para sempre na nossa memória.
O meu crescimento musical deveu muito a este senhor...

Abraço