Friday 23 October 2009

Manifesto Anti-Dogma

Por vezes a sociedade portuguesa é assaltada por certo tipo de desvarios que, se não fossem caricatos, seriam certamente tristes (para não dizer assustadoramente preocupantes se quisermos pensar adequadamente sobre algumas destas manifestações cada vez mais frequentes). A recente polémica que as declarações de José Saramago sobre a Bíblia causaram denotam uma sociedade que está ainda muito longe da sã convivência do debate de ideias. Os cristãos têm todo o direito em se sentirem incomodados, ofendidos ou lá o que quiserem com as declarações de Saramago, mas não podem nunca limitar a sua liberdade de opinião, nem a de mais ninguém. Por muito polémicas que as declarações sejam, estão a anos-luz de distância de se poderem configurar sequer como matéria jurídica. Tudo isto fica ainda mais surrealista quando o eurodeputado do PSD, Mário David, tendo vergonha de ser compatriota de Saramago, sugere que o mesmo renuncie à sua cidadania. Mais, numa elaboradíssima lógica de raciocínio, retira do leque das pessoas de bom carácter todas aquelas que não professam os seus valores religiosos. Finalmente, se os católicos lessem realmente a Bíblia (ou pensassem sobre o que leram) facilmente veriam que muitas afirmações que por lá andam convivem mal com a sociedade capitalista ocidental, com quem promove a injustiça social, o liberalismo do capital e a acumulação de riqueza. Mas para isso, julgo eu, talvez seja necessário ter um quociente de inteligência superior ao do senhor eurodeputado.

Morra o Dogma, morra. Pim!

2 comments:

Anonymous said...

PIM!!!!!!!

M.A. said...

Assino por baixo.
Católicos?! Isso existe?