Monday 4 June 2007

Personalidade do Mês (Maio)

Maio, maduro maio, quem te pintou
Com as cores do deserto, nunca te amou!

(Variações sobre José Afonso)

Antes de anunciarmos a personalidade eleita este mês e que deixou a concorrência a milhas de distância com um deserto pelo meio, algumas breves referências a factos dignos de cogitação aprofundada. Desde logo o pequeno Howard David Ludwig que aos 10 meses de idade não fala, não come sozinho e não anda, mas já tem licença de porte de arma (nos EUA, where else?). Uma ideia brilhante do seu pai, Howard Ludwig, que atendendo à fértil imaginação que teve para baptizar o seu filho deve ser pessoa de uma consciência filosófica transcendental. Eu, se fosse ao Miguel Sousa Tavares passava a ter cuidado com as declarações proferidas sobre crianças em restaurantes. Pior que tudo o que ele disse, é ter uma criança num restaurante com uma 9 mm em punho!

Mas isto não ficou por aqui, pois este estabelecimento que até se dá ares de sério em matéria de ciência, constata que afinal a segunda lei da termodinâmica não é lei coisa nenhuma. Para o provar temos o ministro israelita da Segurança, Avi Dichter, que ameaçou o primeiro-ministro palestiniano, Ismail Haniyeh, do Hamas, afirmando que pode tornar-se num “alvo legítimo”. Eis pois onde a segunda lei da termodinâmica falha: o problema isrealo-palestiniano é uma máquina de movimento perpétuo. A vantagem é que poderemos ter aqui o vislumbre de uma fonte energética inesgotável, mas quanto a ser limpa, temos as nossas dúvidas.

Quanto ao comentário jocoso sobre a licenciatura de José Sócrates (ou foi anedota? ou foi, afinal, o quê? alguém nos pode explicar?) do professor Fernando Charrua veleu-lhe uma suspensão e um processo disciplinar em acto contínuo por parte da Directora Regional de Educação do Norte, Margarida Moreira. A Pide não faria melhor, mas como este estabelecimento até foi alvo de algo do género, a prudência aconselha-nos a refrear os nossos comentários.

E agora o grande vencedor:

Mário Lino, ministro das Obras Públicas, pela afirmação no final de um almoço promovido pela Ordem dos Economistas sobre a Ota, que a Margem Sul é um deserto.

Comentário do Comité do Restaurante:

A presciência do ministro Mário Lino não merece grande comentário, tal a eloquência da afirmação. Faremos apenas referência às pérolas que se seguiram. A começar pelo facto de a Margem Sul ser um deserto, fazer aí o futuro aeroporto de Lisboa seria uma “obra faraónica”. Declarações premonitórias sem dúvida pois os faraós reinaram num deserto encostado a um rio.

Mais um exemplo: “Na Margem Sul não há cidades, não há gente, não há hospitais, nem hotéis, nem comércio”, e de acordo com um estudo recente, “seria necessário deslocar milhões de pessoas” para essa zona para justificar a construção do novo aeroporto. De facto, das últimas vezes que me dirigi a Sul, atravessando a ponte, levava o carro cheio de jerricans com água para suportar as agruras da área, tão deserta de gente que ela está.

Outro exemplo: Fazer um aeroporto “no Poceirão ou nas Faias” seria o mesmo “que construir Brasília no Alto Alentejo”. Somos da opinião que os brasileiros fizeram bem pior: construiram Brasília no Cú de Judas!

Agora, juntem a Mário Lino, o ex-ministro das finanças de Cavaco Silva, Braga de Macedo, e têm o oásis no deserto.

Em homenagem a Mário Lino, fica aí ao lado em audição o 1º movimento de "The Desert Music" de Steve Reich, incluído na colectânea Phases. Os estimados clientes podem também apreciar esta peça da escola minimalista contemporânea.

Menção Honrosa:

O jogging do primeiro ministro, José Sócrates, em Moscovo, que levou ao encerramento da Praça Vermelha.

Comentário: Com este acontecimento, quem dirá agora que Portugal não tem projecção e influência internacional? Perguntem ao Bush se ele consegue fazer o mesmo.

Comunicado do Comité do Restaurante: a equipa que esforçadamente tenta dar um ar de seriedade a este estabelecimento, mas sem qualquer sucesso até ao momento, declina qualquer responsabilidade pela demissão anunciada de Paul Wolfowitz do Banco Mundial. Aliás, esta mesma equipa manifesta um profundo pesar por tal decisão, pois é da opinião que se perde um elemento competente na promoção da guerra no Iraque e, acima de tudo, com um espírito de sacrifício sem paralelo.

2 comments:

extravaganza said...

ahahahah

Uma maravilha: "jerricans com água"!!!

Olha, tenho uma bela tenda no deserto, logo à saída da ponte, do lado esquerdo. Tenho água e camelo sempre disponível para uma emergência, caso um dia te vejas aflito, diz!!... Oh céus, eu pergunto-me porque é que esse homem continua em funções, depois duma bacorada deste tamanho...

strange quark said...

OK! Obrigado. É sempre bom ter uma alma caridosa que pode ser a salvação dos intrépidos aventureiros sem juízo que se enfiam pelo deserto adentro sem quaisquer preocupações. Se pensarmos nos magotes de gente que vão para o Al-gharb (que um conjunto de alarves insite em chamar Algarve, não percebendo que aquelas são terras beduinas) até admira como, anualmente, não existem mortes por desidratação. Por falar nisso, da próxima vez é mesmo melhor ir de camelo...