Monday 25 February 2008

A Máquina Mole











Os Soft Machine, comumente associados à cena de Canterbury de onde eram oriundos, são uma das foças criadoras do então rock psicadélico em finais de 60, mas haveriam de enveredar rapidamente por uma corrente do rock progressivo remexendo nas raízes do jazz e tornando-os pioneiros no género jazz-rock e de fusão. Já referidos aqui no estabelecimento uma vez, vêm a propósito de ter lido recentemente, no suplemento ípsilon, uma referência à distribuição em Portugal das reedições dos dois primeiros registos dos Soft Machine: o seu primeiro disco homónimo e o designado “Volume Two”. Nada mais oportuno dada a edição em 2007 de originais de dois dos seus fundadores: Robert Wyatt e Kevin Ayers. Do segundo pouco conheço, para além da sua participação no mítico disco ao vivo “June 1, 1974” que juntou, para além de Kevin Ayers, Brian Eno, John Cale e Nico tendo ainda as colaborações de Mike Oldfield e de Robert Wyatt. Quanto a Robert Wyatt, tendo uma obra algo marginal aos principais circuitos comerciais, seguiu um rumo muito próprio e coerente que lhe reserva um lugar entre os músicos a quem o tempo não causa mazelas. O último “Comicopera” (para ser lido como Comic Opera), é ainda herdeiro de muito do que os Soft Machine propuseram no já distante final da década de 60. Nos Soft Machine, Ayers não passaria do primeiro registo do grupo, enquanto que Wyatt se manteria apenas até ao terceiro que, diga-se, é uma pena não estar incluído no lote. Para além de terem sido saídas difíceis, o caso de Wyatt ainda regista em 1973 uma infeliz queda da janela de um apartamento, completamente embriagado, tendo ficado paraplégico (e não tetraplégico, como refere a peça do suplemento ípsilon) e confinado a uma cadeira de rodas. Um acidente que mudou a sua vida e um momento bem marcado pela edição do disco “Rock Bottom” em 26 de Julho 1974, o qual inicia um périplo de excelentes obras musicais frequentemente partilhadas com a sua companheira de sempre, Alfreda Benge, autora também do grafismo das obras e com a qual casou nesse mesmo dia. Essa mesma data, aniversário do ataque a Moncada pela revolução cubana em 1953, não é um mero acidente mas mais um reflexo do seu activismo e militância política a qual permeia os seus discos posteriores.


Uma oportunidade para (re)descobrir esta excelente banda: os Soft Machine.

4 comments:

rita maria josefina said...

já sabes das novidades sobre os Spiritualized? :)

strange quark said...

Já sei sim... até tenho um post (muito singelo e pequenino) na forja sobre o Songs in A & E. É que o título é uma cópia descarada dos Goldfrapp... :))

Just kidding...

Rui Carvalho said...

Como um fã do Robert Wyatt/Kevin Ayers que sou deve ser um dos musicos mais talentosos dos ultimos 30 anos,aparece em todas as listas de melhores do ano,WIRE-MOJO-UNCUT-PAST-....etc... Aproveito para te aconselhar os GONG de Daevid Allen.

strange quark said...

Robert Wyatt também figura na minha lista de músicos de eleição, conjuntamente com figuras como Bob Dylan, Tom Waits, Nick Cave, David Bowie, Peter Gabriel, PJ Harvey, Leonard Cohen, nomes que acima de tudo revelam uma capacidade de se manterem a um nível claramente acima da média cuidando do que é mais essencial na sua música: Personalidade! No fundo, esta é a fórmula para a sua longevidade musical.

Obrigado pela dica. Irei investigar oportunamente.