O Lado Negro do Universo (II)
Continuação do post anterior...
O Universo em corrida acelerada
O que seguidamente se vai descrever, leva-nos a observações levadas a cabo nos anos 90 e que culminaram em 1998 com a estranha (para dizer o mínimo) conclusão, que o Universo não só está em expansão, como essa expansão está a acelerar!
Para isso voltamos novamente a Hubble e ao método que utilizou para chegar a uma das conclusões mais extraordinárias da ciência no século XX. O método recorre à análise do espectro da luz visível das galáxias, e designa-se por “desvio para o vermelho” (redshift). O efeito é afim do previsto por Doppler para as ondas (por exemplo, sonoras), e com o qual nós estamos perfeitamente familiarizados no dia-a-dia: quando vamos na rua e passa uma ambulância com as sirenes activas, constatamos que o som é mais agudo (menor comprimento de onda) quando se aproxima de nós, e que se torna mais grave (maior comprimento de onda) quando se afasta. Com a luz é a mesma coisa mas às cores, desde o vermelho (como os sons graves) ao azul (como os sons agudos). Hubble verificou que o espectro visível da esmagadora maioria das galáxias tinha um desvio sistemático para o vermelho, ou seja, só podiam estar a afastar-se. Hubble também estabeleceu uma relacção muito importante entre a velocidade de recessão das galáxias e a sua distância, ligadas entre si por uma constante (constante de Hubble) que estabelece a proporcionalidade entre o aumento da distância e o da velocidade de recessão, ou seja, quanto mais afastadas estiverem as galáxias, mais depressa se afastam entre si. Isto implica que temos de ser capazes de medir distâncias no Universo, o que no tempo de Hubble era mesmo muito complicado. No entanto, se soubermos qual a potência de emissão de uma fonte luminosa, facilmente deduzimos a distância a que esta se encontra de nós em função da quantidade de luz que conseguimos medir. O problema é que as estrelas não têm todas a mesma potência de emissão e poderemos deduzir (mal) que uma estrela que emite menos luz está mais afastada que uma que emita mais luz, ainda que se encontrem à mesma distância.
6 comments:
Eu só reclamo a propósito da ortografia, o resto...fico muito caladinha a ler!...Bons posts!
E as tuas reclamações são sempre bem vindas... obrigado mais uma vez.
Essa teoria da matéria/energia negra é fascinante. A ideia que tinha era a de um universo em expansão mas em desaceleração, que eventualmente se contrairia caso a sua densidade fosse inferior à chamada densidade crítica. É por estas e por outras que a astrofísica é um ramo interessantíssimo, bem como a física em geral.
De facto, a nossa noção do Universo mudou muito nos últimos anos, e os livros rapidamente ficaram desactualizados. Prometo ir compondo mais alguns posts sobre estes assuntos.
Obrigado pela renovada visita.
Estou fascinada. E muito desactualizada!!
A minha ideia da expansão do Universo era igual à do Puto (talvez por termos lido os mesmo livros na mesa altura) e lembro-me que já se falava de matéria negra. E pouco mais se sabia!
Muito bom, mesmo. Obrigado por estas preciosidades...
Happy new year to you.
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